Uma recente reportagem publicada pelo portal LiveScience revelou que uma equipe de pesquisadores foram capazes de coletar amostras de DNA presentes no ar. Essas amostras de DNA, as quais os seres vivos deixam no meio ambiente, são chamadas de DNA ambiental (eDNA). Até então, coletar eDNA em outros meios, como, por exemplo, na água, era uma prática bastante comum, mas o fato de se obter tais amostras por meio do ar é algo inédito.

 

“O que queríamos saber era se seríamos capazes de filtrar amostras de eDNA que estão presentes no ar para, então, poder rastrear certos animais”, disse Elizabeth Clare, ecologista – da Queen Mary University, de Londres – responsável pela descoberta. “Como obtemos tal constatação, agora, podemos rastrear certas espécies e, assim, descobrir o habitat natural de cada uma delas”.

 

A descoberta, publicada em março na revista PeerJ, concretizou-se como um experimento de prova de conceito.

 

DNA

 

Para conseguir realizar o experimento de prova de conceito, Clare e outros pesquisadores coletaram uma porção de ar de uma instalação que abrigava um organismo modelo, o rato-toupeira-pelado. Os pesquisadores detectaram no ar coletado a presença tanto de DNA humano quanto do animal.

 

“A demonstração de que o DNA de animais relativamente grandes também pode ser detectado em amostras de ar expande dramaticamente o de análise de eDNA”, disse Matthew Barnes, ecologista da Texas Tech University, em Lubbock. “Na última década, a coleta e análise de eDNA para estudar populações de plantas e animais decolou”, pontuou o profissional.

 

“O trabalho que foi realizado é o mesmo que um detetive realiza em uma cena do crime. Fizemos exatamente isso com o eDNA, exceto que, em vez de procurar por criminosos, estamos tentando rastrear espécies de seres vivos”, disse Barnes. “Essa espécie pode estar em perigo de extinção ou ser uma espécie invasora – ou seja, podemos descobrir inúmeras coisas agora”.

 

Amostras

 

“Antes da nova descoberta ser colocada em pauta, alguns pesquisadores já haviam coletado DNA de plantas no ar, mas a maioria das amostras coletadas eram de espécies que liberam intencionalmente pólen e promoviam a dispersão de sementes”, revelou Barnes em entrevista ao portal LiveScience. “Os animais, por outro lado, não fazem isso. Não tínhamos ideia se o experimento funcionaria por conta disso”, disse Clare, ao portal.

 

Com o experimento, os pesquisadores, que agora sabem que podem coletar amostras de eDNA animal do ar, devem, em um futuro breve, realizar novas pesquisas. Os próximos trabalhos serão realizados da mesma forma que o experimento – com o auxílio de filtros semelhantes aos filtros HEPA, comumente encontrados em sistemas de aquecimento e ventilação.

 

Os pesquisadores irão extrair novas amostras de DNA dos filtros, sequenciá-los e, assim, identificar a espécie. O grande obstáculo, conforme aponta Clare, será ter que lidar com a presença de DNA humano, afinal, acredita-se que tais amostras sempre estarão presentes nos futuros trabalhos, o que, no final, dificulta o processo de identificação das outras espécies e sugere que as amostras transportadas pelo ar são particularmente contaminadas com o DNA da equipe de pesquisa. Para evitar tal contaminação, os pesquisadores devem utilizar nos novos estudos aventais e redes de cabelo.

 

Por outro lado, o fato da presença de DNA humano em futuros estudos mostra – e de forma encorajadora – que o método de detecção é sensível.

 

Futuro

 

A técnica utilizada pelos pesquisadores irá ajudar os pesquisadores a monitorar populações de espécies, detectar espécies raras e em extinção. As amostras de DNA a serem coletadas podem também auxiliar os pesquisadores a estimar o tamanho da população de seres vivos em um determinado ambiente. No momento, os cientistas estão analisando a distância que as amostras de DNA coletadas do ar podem percorrer.

 

Fonte: Fatos Desconhecidos.


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