Aqui no Mega Curioso nós já mostramos que os pelos do corpo, muitas vezes, possuem funções importantes para o organismo, principalmente a de proteção de algumas regiões. Entretanto, as pessoas têm o costume de se livrar o máximo que puderem de alguns deles, principalmente as mulheres que costumam fazer depilação com frequência. Em alguns desses casos, as pessoas reclamam por possuírem “tantos” pelos em algumas regiões. Se você é desses que reclama da dificuldade que alguns pelos visíveis podem representar, esta matéria vai fazer você rever um pouco os seus conceitos. Trata-se da história do “Homem Lobo” e sua família.
A família de Jesus Aceves virou tema de um documentário que deverá ser lançado no México, seu país de origem, ainda neste mês. O motivo: cerca de 30 membros da família possuem uma rara condição de nascença denominada hipertricose. Essa anomalia faz com que os pelos fiquem mais grossos e visíveis por várias partes do corpo, principalmente o rosto, em áreas que não costumam ter pelos aparentes como em cima do nariz, nos olhos e na testa.
A hipertricose é uma doença genética e pode afetar, de maneira diferente, tanto homens quanto mulheres. A família de Aceves é uma das que possui mais integrantes com essa condição, sendo 30 ao todo. A rara condição fez Jesus ser comparado a um lobo durante toda a sua vida.
O preconceito e a dificuldade para viver em sociedade, bem como as oportunidades que Jesus Aceves teve ao longo de sua vida viraram tema do documentário “O Homem Lobo”, produzido pela cineasta Eva Aridjis. Da mesma forma, o site da BBC fez uma reportagem contando um resumo da vida do mexicano e um pouco da história dos integrantes da família, mostrando como venceram as dificuldades. Esse é o ponto principal em abordar a vida de Aceves e seus familiares, mostrar como uma condição genética tão incomum afeta a vida das pessoas muito mais pelo preconceito do que pela própria anomalia em si.
Jesus Aceves e a vida no circo
É impossível falar do mexicano com a rara condição sem mencionar sua relação com o circo. Desde pequeno, os pelos mais grossos em regiões incomuns já eram perceptíveis, de maneira que aos 13 anos, um dono de circo encontrou o pequeno Aceves trabalhando em uma feira de diversões. O homem logo abordou Jesus e levou ele e mais dois primos, que possuíam a mesma condição, para trabalhar em seu estabelecimento.
Jesus adolescente (esq.) com a mãe, a tia e os primos
Foram muitos anos viajando com o circo e a oportunidade era muito boa, na medida em que os três jovens, acompanhados da mãe de Jesus, sempre ficavam em lugares confortáveis e tinham verdadeiros banquetes para se alimentarem. Eles eram designados para receber o público e tirar fotos com as pessoas.
Entretanto, segundo relatou o mexicano, uma coisa não deixava Jesus Aceves contente com a vida circense. “Nós éramos atrações do circo, então não podíamos sair para nenhum lugar para não sermos vistos em público. Eu não gostava de ter que permanecer trancado para que as pessoas não me vissem”, afirma.
Na escola, quando ainda era criança, Aceves sentia o preconceito das outras crianças, que praticavam bullying e o chamavam por apelidos. Durante um período de turnê com um circo americano, ele sofreu com um sério problema de depressão. Sem dominar o inglês, ele acabou ficando sozinho, isolado, e passou a beber, o que quase o levou à morte. “Eu queria me libertar com a bebida, mas estava fazendo justamente o contrário, estava me destruindo”, disse à BBC.
Jesus arranjou emprego em um depósito de madeira para ficar perto da família
Aos poucos ele foi amadurecendo e ficando mais forte às adversidades. Chegou a rodar o mundo em turnês de circos, aprendeu muitas acrobacias e truques, e atualmente, aos 41 anos, ele se sente orgulhoso de ser quem é e não se arrepende de ter trabalhado com o entretenimento de pessoas, considerando uma profissão digna. Há alguns anos ele está longe da vida circense e, por enquanto, não pretende voltar.
Depois de fazer uma quantia considerável de dinheiro, Aceves resolveu abrir um negócio próprio no México para ficar perto da mulher, Victoria, e da filha, Araceli. Entretanto, logo após voltar do Reino Unido, a relação chegou ao fim e hoje, o homem vive com outros familiares em sua antiga casa na cidade de Loreto. A propriedade, que conta com duas casas, foi doada à sua mãe e sua tia pelo prefeito quando ele e seus primos eram pequenos e na época, ninguém queria alugar um local para eles morarem.
Outros casos da família
Foi a bisavó de Aceves que apresentou o primeiro caso de hipertricose da família e hoje, quase metade dos familiares possuem a rara condição. Essa anomalia é mais difícil para as mulheres, tendo em vista que a sociedade tende a ser mais preconceituosa com elas pelo excesso de pelos.
Karla, filha de Jesus Aceves, é a única da família que completou o Ensino Médio
Jesus Aceves têm três filhas e todas possuem a mesma condição do pai, de hipertricose. A mais velha, Karla, atualmente possui 20 anos. Ela é a única integrante da família que conseguiu concluir o ensino médio, mas mesmo assim tem grande dificuldade para arranjar um emprego. Além de toda a situação enfrentada pela doença, ela também já é mãe e foi abandonada pelo pai da criança depois de dar à luz.
Os primos que foram para o circo junto de Aceves seguiram na carreira artística. Um deles, de nome Danny, é conhecido por realizar acrobacias na cama elástica e no trapézio. Já o outro, Eliud, têm o objetivo de adquirir seu próprio circo e também pretende deixar o cabelo crescer, além de implantar caninos maiores para ficar ainda mais caracterizado.
O primo de Jesus Aceves, Danny, continua em sua carreira de artista
Segundo Jesus Aceves, ninguém sabe o que causa, nem se há uma cura para a doença. De acordo com a cineasta Eva Aridjis, parece ser uma condição do cromossomo X a responsável pela anomalia na família de Jesus Aceves. Em entrevista para a BBC, ela explicou que alguns cientistas têm estudado a família de Jesus aceves com o intuito de observar o excesso de pelos e tentar encontrar uma possível cura para a calvície.
Fonte: Mega Curioso
Obs: As informações acima são de total responsabilidade da Fonte declarada. Não foram produzidas pelo Instituto Pinheiro, e estão publicadas apenas para o conhecimento do público. Não nos responsabilizamos pelo mau uso das informações aqui contidas.