A cada dia surge uma nova esperança, um produto, alimento ou dieta que promete milagres no gerenciamento do peso. Mas, quanto mais se fala em estratégias para emagrecimento, mais a população engorda. Por isso, é importante conhecer o que a ciência diz, através de seus estudos e pesquisas, sobre os tais alimentos milagrosos.
A nutricionista Lara Natacci, Membro da SBAN – Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição e da Comissão de Comunicação do CRN/SP, listou os erros mais comuns que comentemos. Vale a pena dar uma olhada:
DIETA DETOX
Alegação: Utilizada para emagrecimento, saúde e estratégia de limpeza das toxinas do corpo, facilitando o fígado na desintoxicação, seguida da indução à diurese.
O que a ciência diz: Segundo o CFN – Conselho Federal dos Nutricionistas, a dieta detox é uma dieta de baixas calorias, desequilibrada em macro e micronutrientes, com períodos de jejum e utilização de água pura, vegetais e frutas recém-processadas. Ressalta-se que o processo de desintoxicação ocorre de forma natural e diariamente no corpo humano, quando utilizada uma alimentação adequada e saudável, e que a radicalização na mudança da alimentação pela busca de efeitos imediatistas pode gerar riscos à saúde. Recomenda-se aos nutricionistas e à população que analisem criteriosamente orientações, anúncios e produtos amplamente divulgados que vendem e prometem facilidades, incluindo também os cursos de alimentação e nutrição em especialidades não reconhecidas pelo Conselho Federal de Nutricionistas. Nesse contexto, a publicidade pode ter objetivo mais comercial do que de atender à saúde da população. Os interessados em praticar e promover uma alimentação adequada e saudável devem buscar o acompanhamento por nutricionistas devidamente registrados nos Conselhos Regionais de Nutricionistas, que considerem as recomendações contidas no Guia Alimentar para a População Brasileira, instrumento que apresenta um conjunto de informações sobre alimentação e nutrição, que objetivam promover a saúde no âmbito individual e coletivo.
ÓLEO DE COCO:
Alegações: Melhora a imunidade, auxília no emagrecimento e na redução da gordura abdominal, controla as taxas de colesterol, ajuda na queima de gorduras e na redução do apetite, melhora a diabetes e melhora a função cerebral.
O que a ciência diz: Segundo a associação brasileira de nutrologia, o óleo de coco aumenta o colesterol total (particularmente o LDL-colesterol), o que contribui para um maior risco cardiovascular. Faltam evidências suficientes para recomendar o óleo de coco como agente antimicrobiano ou imunomodulador. Até o momento, não existem estudos clínicos que tenham abordado o efeito de óleo de coco na função cerebral de indivíduos saudáveis ou portadores de alteração cognitiva. Enfatiza-se também que não existem evidências clínicas de que o óleo de coco possa proteger ou atenuar doenças neuro-degenerativas, como a doença de Alzheimer. Um número muito pequeno de estudos, com resultados controversos, tem relatado os efeitos do óleo de coco sobre o peso corporal em seres humanos, e por isso o óleo de coco não deve ser prescrito na prevenção ou no tratamento da obesidade. O produto ainda não deve ser prescrito na prevenção ou no tratamento de doenças neuro-degenerativas, como nutriente antimicrobiano ou como imunomodulador.
HIBISCUS:
Alegações: O consumo da erva em forma de chá auxilia na perda de peso
O que a ciência diz: As pesquisas que envolvem a análise dos efeitos da planta Hibiscus sabdariffa observam efeito diurético com a utilização da mesma. Dos estudos realizados com plantas, grande parte tem sido aplicada em animais, sendo apenas uma pequena parte da sua eficácia confirmada em humanos, por isso ainda há muito a estudar. Nenhum estudo randomizado com um grupo controle placebo demonstrou, de forma evidente, a eficácia de extratos de plantas na perda de peso. Do mesmo modo, também não ficou provado que apenas um componente ativo de uma planta fosse responsável pela perda de peso. Os componentes nas plantas variam consideravelmente, não sendo muitas vezes identificados e isolados os seus princípios ativos, nem devidamente controlada a sua quantidade.
CAFÉ COM ÓLEO DE COCO
Alegações: Aumento da queima de gordura durante o exercício físico
O que a ciência diz: Os efeitos do óleo de coco foram abordados acima. Quanto ao café, a cafeína foi apontada em diversos estudos por seu efeito termogênico. Mas a quantidade a ser consumida, bem como o efeito observado, é individual, não deve substituir mudanças de hábitos para controle de composição corporal e deve ser feita sob orientação profissional. O exagero no consumo de alimentos com efeito termogênico pode levar ao surgimento de sintomas como dor de cabeça, tontura, insônia e problemas gastrointestinais. Hipertensos e indivíduos com problemas cardíacos devem ter cuidados aumentados, pois alguns desses alimentos fazem o coração trabalhar mais rápido. Por causa da influência sobre o metabolismo, os termogênicos não devem ser ingeridos por quem sofre de problemas na tireóide.
GOJI BERRY:
Alegações: O fruto contribui para o emagrecimento e para a melhora do sistema imunológico.
O que a ciência diz: A “goji berry” é um fruto com um grande potencial antioxidante devido à presença de flavonoides, além de ser fonte de um análogo do ácido ascórbico, bem como ser fonte natural do carotenoide zeaxatina. Apresenta também polissacarídeos específicos que se mostram eficientes no aumento da atividade de enzimas antioxidantes. No entanto, é imprescindível saber a procedência dos alimentos, pois não é possível, sem a realização de análises químicas específicas, saber se o mesmo está contaminado com produtos prejudiciais à saúde. Este cuidado também deve ser adotado na utilização de novos produtos, como é o caso da “goji berry”, pois, por se tratar de um alimento sem histórico de consumo no mercado brasileiro, pode causar efeitos colaterais desconhecidos e, em alguns casos, conduzindo a quadros graves de intoxicação ou interação medicamentosa. Cuidados devem ser tomados com a ingestão da fruta, pois pode levar a alergia a pacientes que já tenham sido sensibilizados com o tomate, além de apresentar alguma interação com medicamentos antiplaquetários, diminuindo sua eficácia. A procedência de produto também deve ser conhecida, visto que já foi encontrado níveis alterados de metais e pesticidas em amostras desidratadas de “goji berry” analisadas na Espanha.
Fonte: Guia da Semana
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