As ruas do Centro do Rio viram cenário de guerrilha em AMAZONA. O espetáculo thriller itinerante estreia dia 17 de outubro e leva o público em uma saga pelo entorno da Igreja da Candelária. Com texto e direção de Ricardo Cabral, a peça conta a história de uma guerrilha de mulheres que tenta fazer a vingança da terra sobre a cidade.
“Começamos nossos encontros logo depois da morte da Marielle e a pergunta era: como encontrar uma resposta propositiva, e não reativa, diante de tudo que estamos vivendo?”, conta o diretor. “Decidimos então viver aventuras estranhas pela cidade. Aventura vem do latim ad venire e significa ir na direção das coisas que vêm até você. Aventura é movimento de encontro, colisão.”
Para construir a dramaturgia original ao longo de sete meses de trabalho, o grupo realizou uma série de performances – ou aventuras – em um processo que contou com mais de 20 artistas colaboradores.
“Tivemos um aulão de subidas em árvore no canteiro central da Presidente Vargas. Uma artista cruzou a Rio Branco costurando à roupa os lixos que encontrava pelo chão. Eu passei dias regando o concreto da praça Tiradentes e do largo da Carioca”, relembra Cabral. ” A partir dos materiais que coletamos, das histórias que ouvimos, chegamos à história dessas mulheres que abrem mato sobre o asfalto esperando o dia em que a natureza vai tomar de volta a cidade.”
O projeto é parte da pesquisa “Aventuras estranhas”, desenvolvida pelo autor e diretor dentro do Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena da UFRJ. AMAZONA é a terceira criação do grupo, que nasceu em 2014 com “Casa vazia”, espetáculo de 24 horas de duração que acontecia em casas da cidade. Em 2017, estrearam o também site-specific “Eu vou aparecer bem no meio do seu sonho”, que acontecia nas ruínas de uma biblioteca abandonada.
“É uma trilogia sobre espaço e itinerância”, resume Cabral. “Começamos trabalhando com o espaço íntimo da casa e depois passamos para o espaço público porém fechado de uma biblioteca. Agora chegou a hora de nos aventurarmos pela cidade.”