Exposição que chega ao Museu de Arte Brasileira da FAAP, em 15 de fevereiro, reúne obras de artistas dos séculos XV, XVI e XVII, como Tiziano Vecellio, Pietro Perugino e Guercino
Figura dotada de enorme relevância histórica e carisma, São Francisco de Assis é, sem dúvida alguma, um dos santos católicos mais cultuados da história. Personalidade marcada por sua humildade e alegria, dedica-se aos pobres e nutre amor imensurável pela natureza, inspirando um imaginário coletivo que se estende por séculos. É ele o protagonista de São Francisco de Assis na Arte de Mestres Italianos, mostra que o Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado (MAB FAAP) recebe entre 15 de fevereiro e 12 de abril. A exposição, sucesso na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte, e no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, traz a São Paulo trabalhos de artistas como Tiziano Vecellio, Pietro Perugino e Guido Reni. Com curadoria de Giovanni Morello, especialista em História da Arte, e de Stefano Papetti, diretor da Pinacoteca Civica Di Ascoli, a mostra apresenta um conjunto de 18 obras realizadas entre os séculos XV e XVII, a maior parte delas provenientes de coleções públicas de regiões diversas da Itália.
O conjunto apresenta exemplares relevantes da representação de São Francisco por meio de trabalhos que se integraram à cultura local de toda uma época e que ainda encontram espaço na cultura ocidental por seus valores artístico, histórico e simbólico. “Desde sempre a imagem de Francisco de Assis, o Pobrezinho, tocou a sensibilidade dos artistas. Comovidos pelo carisma emanado por Francisco, muitos pintores da época eram entusiastas em contar sua história”, pontua Morello.
Seguindo a trajetória daquele que foi santificado, a mostra divide-se em três núcleos: Imagens, Os Estigmas e Conversas Sagradas. No primeiro deles, telas que trazem as primeiras representações de São Francisco de Assis – uma figura franzina, por conta das privações que sofria, mas imbuído de uma grande força espiritual. Deste período, San Francesco d’Assisi e quattro disciplinati (1499), de Perugino, e São Francisco contemplando um crânio (c.1604-07), de Cigoli. O segundo núcleo volta-se ao tema dos estigmas, cicatrizes recebidas por Francisco, em 1224, quando então meditava no monte Alverne. Apesar de sua manifestação física, os estigmas são tradicionalmente reputados como de origem espiritual, reproduzindo as cinco chagas de Jesus Cristo – cinco pontos do corpo pelos quais Jesus teria sido pregado à cruz: pés, punhos e tórax.
Desta seção, um dos grandes destaques da exposição, San Francesco riceve le stimmate (c. século XVI, anos 60), um óleo sobre tela de Tiziano com quase três metros de altura, que traz a aparição do Cristo Ressuscitado ao santo, vendo-se às suas costas uma cruz em fogo; e San Francesco consolato da un angelo musicante (1607-1608), óleo sobre cobre de Guido Reni, que retrata o momento seguinte ao dos estigmas, quando Francisco recebe em sonhos a aparição de um anjo tocando uma melodia, em uma clara referência à mesma experiência vivida por Jesus no jardim das Oliveiras. A mostra encerra-se com o núcleo Conversas Sagradas, em que São Francisco aparece associado à Virgem em glória e a outros santos de devoção dos fiéis e dos comitentes, como atesta a esplêndida Virgem com o Menino entre os santos Sebastião, Antônio, Francisco e Roque (c. 1530), obra de Nicola Filotesio.