A Galeria Desvio inaugura no próximo sábado, dia 6, com a exposição individual Coroação, da artista Mariana Maia. Desde 2011, a artista carioca pesquisa os dispositivos da linguagem da performance com os recortes do seu corpo – de mulher negra -, do lugar social que ele ocupa na sociedade brasileira e as relações com sua ancestralidade direta e indireta. A mostra apresentará registros fotográficos e os objetos utilizados na realização da performance Coroação: a rodilha, os baldes e as bacias. A trajetória profissional de sua mãe como lavadeira urbana foi o ponto de partida da obra, que joga na ambiguidade, operando através dos elementos de trabalho da lavadeira. A antiga rodilha para carregar os baldes agora é coroa. A água carregada individualmente é resgatada em sua completude, por todas que trabalharam nessa posição, compondo um oceano inteiro.
Mariana inscreveu nos baldes e bacias, palavras, frases e fotografias – suas na performance e de resgate histórico, assinalando as origens da pesquisa -, que, segundo ela, refazem sua própria história. A abertura da exposição contará com a performance, onde o eu e o outro tem outras conotações, uma relação permeada pela estrutura de funcionamento racista em um país que insiste em manter silêncio sobre um assunto tão caro na formação da nossa história. A curadoria é de Daniele Machado.
Fazemos nossa própria
coroação, com tecidos, fitas,
sagrados. Caminhada em
direção de uma fonte,
erguendo baldes, suportando
um oceano, refazendo os
passos de nossa própria
história”
(Mariana Maia)