A peça é a primeira parte do trabalho de pesquisa do grupo (A Gente Submersa) sobre heranças e descaracterização da cultura e da sabedoria popular, pelo esquecimento das raízes que moldaram o ser brasileiro. A montagem explora o que resta no cotidiano das pessoas dos ensinamentos populares, bem como da função social da dança e das festas tradicionais. A Gente Submersa reúne mais de 20 artistas, entre atores e músicos que transitam pelo teatro, pela dança e por outras linguagens, amparados por composições originais e canções de domínio público. O figurino traz elementos de técnicas artesanais como renda filé, bordados, crochê e tricô, construindo memórias também nos corpos que ocupam o Teatro do Incêndio: um espaço em formato de arena triangular, mantendo as características arquitetônicas originais do local que tem sua própria história.

 

No enredo, três personagens alegóricas da sabedoria popular vivem uma fábula que se concretiza na cidade. São pessoas centenárias, velhos de espírito juvenil que atravessaram os tempos. Eles seguem pelo mundo, mas o que eles vivem e os lugares por onde passam são apagados. Na cidade se tornam invisíveis; ocupam um espaço, mas são expulsos pela polícia. Conduzidos por um velho vendedor de relógios, chegam a um quilombo onde são vistos e aceitos, povoado por pessoas que fugiram da metrópole. O velho representa o tempo, a sabedoria e os ensinamentos dos mais velhos e dos antepassados. Sem dinheiro, as pessoas do quilombo trocam conhecimentos como aprender a ler e escrever desenhando letras com tintas nas mãos. Lourdes, Benedito e Fulozina ensinam cultura popular para a comunidade que passa a viver em um calendário de festas (congada, maculelê, jongo). Mas o desmatamento chega e destrói o quilombo mostrando o ciclo sem fim da destruição.

 

Horários

Sábado às 20h

Domingo às 19h.