Atualmente vivemos em redes sociais, virtuais, de relacionamento, entretenimento, às vezes sem identidade, ligados uns aos outros o tempo todo. Atenta a essa realidade, a artista plástica Duda Oliveira criou as peças da exposição “Enredados” com metal naval e sucata, com materiais orgânicos, para mostrar que por trás dessas redes há seres humanos, vida, emoções e uma diversidade de pontos de vista. “Enredados” traz 6 esculturas e 6 pinturas, com 2 metros, com uma presença forte da influência do mar, que conversam entre si e o observador, como um pescador que joga sua rede. No Centro Cultural Correios RJ, com curadoria de Carlos Leal, até o dia 04 de dezembro de 2021.
“A escultura e pintura são a minha fuga, um momento em que fico ligada somente em mim. Mas ainda assim, eu consigo materializar a pesca. A minha principal obra é um pescador jogando a sua rede. A vida sempre me levou para esse lado, em todos seus extremos”, diz Duda.
Em um processo experimental, Duda Oliveira mergulha tecido de lona crua na Baía de Guanabara, repleta de derivados de petróleo e dejetos de óleos, cujo aquecimento e alimento orgânico, estimularam a proliferação de fungos, resultando em um esfumaçado plástico natural, comum em suas pinturas. Nas esculturas, a artista reinventa o metal naval, cimento, vergalhões e a madeira inutilizada, em boa parte das obras. Partindo destes experimentos, Duda convida o público a refletir sobre a potência existencial de vida, transformação e esperança no caos.
“Meus quadros possuem sempre marcas da ação do tempo, desgastes, arranhões… Minha linguagem na pintura está ligada à maneira que o tempo faz seu registro em tudo o que é vivo e resistente. As cores sempre vibram, como se pulsassem vida e quisessem transpor tempo e espaço, em um constante paradoxo de vida e morte, existir e possuir, buscas do eu existencial”, explica a artista.