O espetáculo “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!”, com interpretação de Hilton Cobra, dramaturgia de Luiz Marfuz e direção de Onisajé (Fernanda Júlia), está de volta aos palcos em formato presencial. De 04 a 14 de novembro, o ator e fundador da Cia dos Comuns realiza curta temporada de apresentações no Centro Cultural São Paulo (CCSP), Sala Ademar Guerra (Porão), com sessões de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h. Na quarta-feira, dia 10, tem uma sessão extra aberta ao público, às 21h, e dia 11, às 17h, será realizada ainda a roda de conversa “Duas ou três coisas que sei sobre Lima Barreto”, com a participação do escritor e dramaturgo Allan da Rosa; do escritor, artista-educador e produtor cultural Michel Yakini-Iman; e da artista e pensadora em dança, atriz, arte-educadora, gestora cultural e cientista social Gal Martins.
Livremente inspirada na obra de Lima Barreto (1881-1922) – especialmente nos títulos “Diário íntimo” e “Cemitério dos vivos”-, “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!” reúne trechos de memórias impressas nas obras do escritor, que são entrecruzados com livre imaginação. O texto fictício tem início logo após a morte de Lima Barreto, quando eugenistas exigem a exumação de seu cadáver para uma autópsia a fim de esclarecer a seguinte questão: “como um cérebro inferior poderia ter produzido tantas obras literárias se o privilégio da arte nobre e da boa escrita é das raças superiores? “. A partir desse embate, a peça mostra as várias facetas da personalidade e genialidade de Lima Barreto, sua vida, família, a loucura, o alcoolismo, sua convivência com a pobreza, sua obra não reconhecida, racismo, suas lembranças e tristezas.
Escrito para comemorar os 40 anos de carreira de Hilton Cobra, o monólogo conta com trechos dos filmes “Homo sapiens 1900” e “Arquitetura da destruição”, ambos cedidos pelo cineasta sueco Peter Cohen – que mostram fortes imagens da eugenia racial e da arte censurada pelo regime hitlerista. Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Deda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade emprestam a voz para a leitura em off de textos de apoio à cena.
“Ora, o contexto é o contexto. O contexto só existe na cabeça de vossas indolências. O único contexto que tem aqui é o seguinte: sou preto, pobre e escritor e estou sendo julgado não pelo mérito de minhas obras, mas sim pelo fato de assim eu ter nascido” – Trecho da dramaturgia de Traga-me a Cabeça de Lima Barreto
Horários:
quinta a sábado, às 21h | domingos, às 20h