Um telescópio de 2,2 metros localizado no Observatório La Silla, no Chile, detectou o buraco negro mais próximo da Terra até o momento. O estudo com a descoberta foi publicado nesta quarta-feira (6) na revista “Astronomy & Astrophysics”.
O Observatório La Silla fica localizado no pé do deserto do Atacama e os instrumentos estão a uma altitude de 2,5 mil metros. Administrado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO), o La Silla é o primeiro fundado pela instituição e existe desde 1960. São cerca de 300 artigos científicos publicados por ano, com pesquisas sobre planetas fora do Sistema Solar e revelação de supernovas.
Os astrônomos do ESO Chile fizeram a descoberta em parceria com a equipe da Alemanha e também com o Observatório Monte Wilson, nos Estados Unidos. Estes são alguns dos detalhes encontrados sobre o buraco negro “vizinho” da Terra:
O buraco negro detectado está localizado a 1.000 anos-luz da Terra, sendo que 1 ano-luz equivale a 9.461.000.000.000 quilômetros;
Ele faz parte de um sistema triplo, com duas estrelas companheiras, localizado em uma constelação chamada Telescopium;
Uma das estrelas orbita o buraco negro em um período que dura 40 dias;
É um dos primeiros buracos negros estelares, que se forma a partir do colapso gravitacional de uma estrela massiva, e não interage de forma violenta com seu entorno;
Ele tem pelo menos 4 vezes a massa do Sol.
De acordo com os cientistas, além de ser o buraco negro localizado mais perto do Sistema Solar até o momento, suas estrelas também podem ser vistas a olho nu no Hemisfério Sul em noites escuras e limpas, sem a ajuda de telescópios. Os astrônomos estavam inicialmente rastreando a dupla de estrelas, mas encontraram o objeto invisível. Eles acreditam que esta pode ser apenas a “ponta de um iceberg” de descobertas nessa região do universo.
“Nos surpreendemos muito quando nos demos conta de que tratava do primeiro sistema estelar com um buraco negro que pode ser visto a olho nu”, disse Petr Hadrava, pesquisador da Academia de Ciências da República Tcheca, em Praga, e coautor do estudo. O sistema é chamado HR 6819.
Como é um dos primeiros buracos negros estelares que não interagem de forma agressiva com o entorno, ele parece realmente negro. Até o momento, os astrônomos conseguiram detectar dezenas de buracos negros na Via Láctea, e quase todos se relacionam com o entorno.
“As observações necessárias para determinar o período de 40 dias tiveram que se estender por vários meses. Isso foi possível graças ao esquema pioneiro de observação do ESO, em que a equipe faz observações em nome de outros cientistas que precisam deles”, disse Dietrich Baade, astrônomo do ESO na Alemanha que também assina o estudo.
Mas, afinal, o que é um buraco negro?
Stephen Hawking, físico e cosmólogo britânico, explica em alguns de seus livros como é o mecanismo de um buraco negro. Segundo o cientista, o primeiro a falar sobre o assunto foi John Michell, de Cambridge, em 1783.
Hawking usa o seguinte exemplo para explicar o fenômeno: “Se dispararmos uma partícula – pense em uma bala de canhão – verticalmente para cima, ela vai ser desacelerada pela gravidade. No fim, a partícula vai parar o movimento para cima e vai cair. Entretanto, se a velocidade inicial para o alto for superior a determinado valor crítico – chamado de velocidade de escape – a gravidade não terá força suficiente para deter a partícula e ela irá embora”.
Para entender os buracos negros, o físico explica que a velocidade de escape da Terra é de aproximadamente 12 quilômetros por segundo; no Sol, 100 quilômetros por segundo – muito mais elevadas do que a velocidade de uma bala de canhão. E continua a explicação:
“Mas [essas velocidades] são pequenas se comparadas à velocidade da luz, que é de 300 mil quilômetros por segundo. Assim, a luz pode escapar da Terra ou do Sol sem grande dificuldade. Entretanto, Michell argumentou que devia haver estrelas muito mais massivas que o Sol, com velocidades de escape maiores do que a velocidade da luz. Não conseguiríamos vê-las porque toda luz emitida seria puxada de volta pela gravidade. Dessa forma, elas seriam o que Michell denominou de estrelas negras e que hoje chamamos de buracos negros”.
Esse trecho foi retirado do livro “Breves respostas para grandes questões”, última obra lançada pelo cientista, que morreu em março 2018.
Fonte: G1
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