Comunhão. Sintonia de sentimentos. No pensar, agir. Pela primeira vez podemos realizar, juntos, algo grande em comum: salvar vidas. Ficando em casa neste feriado de Páscoa. Resistindo à saudade, visitando a memória dos abraços que voltarão, sim.
Para os cristãos, Jesus morreu e ressuscitou para mostrar o verdadeiro sentido da vida. Neste momento, pelo menos um terço da população mundial vive algum tipo de restrição de movimento devido à pandemia. Sob imposição de um vírus, estamos de castigo. Encarando a razão da própria existência, a vulnerabilidade de quase tudo.
Enquanto servimos o bacalhau, numa mesa menor, profissionais da saúde não param, cientistas correm contra o tempo na busca por tratamentos mais eficientes. Uma vacina. Enquanto a gente vai se curando, diariamente, com doses de resiliência.
O coronavírus inverte lógicas. A doença dos extremos. Do choro ao aplauso. A Covid-19 foi superada por uma italiana de 94 anos que ficou dez dias numa UTI do Rio de Janeiro e teve alta esta semana. A então enfermeira Giusepinna Nerozziu cuidou dos feridos da Segunda Guerra Mundial, mas venceu sua maior batalha no Brasil, pra onde se mudou depois de se apaixonar por um brasileiro que servia a Cruz Vermelha. A surpreendente recuperação foi aplaudida por toda equipe médica. A filha disse que a jornalistas que a fé a curou.
A palavra Páscoa vem do hebraico e significa passagem. Da morte para a vida. Salvação. No cristianismo, é uma nova oportunidade. O que todos queremos, agora.
“A Páscoa é experiência histórica de libertação, de conquista e de vitória. De superação e de esperança que vai além do dado empírico. Diferentemente do pensamento clássico grego, que se fixa no destino inevitável, ou na tradição de cunho oriental fatalista do kármico, a fé judeu-cristã aponta para o futuro transi-histórico antecipado e por isso, presente. Na ressurreição de Cristo proclama-se supremacia da vida, que nem a morte pode deter. Em tempos de Pandemia, é uma ferramenta de resiliência de que o amanhã pode ser melhor. Mesmo sem podermos compartilhar a refeição, sabemos que na morte de Cristo morreu a morte e a Vida triunfou”, me disse Padre Sancley Godim.
Vivemos momentos diferentes dessa crise, mas comungamos. Do medo. Da angústia. Da esperança. A Espanha registrou o menor número de mortes por Coronavírus desde 24 março, foram 605 óbitos em 24 horas. Foi uma boa notícia na nossa cobertura. Não existe lógica, parâmetros.
Enquanto você lê esse blog, americanos estão sendo enterrados coletivamente, em valas comuns que estão sendo abertas em áreas de Nova York. Não há despedida, apenas as memórias dos encontros. Alguns da última Páscoa, com certeza.
No Brasil, chegaremos ao pico da pandemia entre final de abril e começo de maio, alertou o Ministério da Saúde. O que virá, de fato, ainda depende muito de nós. Da nossa capacidade de comungar. Mais de um bilhão de reais já foram doados por brasileiros que querem ajudar. Comungar da solidariedade. Os dados são de um monitoramento da Associação Brasileira de Captadores de Recursos. Esse, sem dúvida, o número mais bonito que pude noticiar essa semana.
Feliz Páscoa.
Fonte: G1
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