As mulheres que sofrem com quedas de cabelo em excesso com certeza já se depararam com o termo alopecia androgenética. Parece um palavrão, mas denomina uma condição mais comum do que se imagina: popularmente, a alopecia é conhecida como calvície e afeta tanto homens quanto mulheres.
“A alopecia androgenética é causada por uma hipersensibilidade de receptores hormonais no couro cabeludo, levando ao afinamento progressivo do fio de cabelo até completa obstrução do folículo piloso (local onde nascem os fios). É uma condição que atinge 5% das mulheres”, explica a Dra. Roberta Bibas, dermatologista da Clínica Bibas, do Rio de Janeiro.
A doença é hereditária (passa dos pais para os filhos) e caracterizada pela rarefação dos fios capilares – eles vão afinando cada vez mais até pararem de crescer completamente. Nos homens, existem exemplos de sobra, já que a partir de uma certa idade é comum eles começarem a apresentar buracos no couro cabeludo, que vão aumentando com o tempo.
Entre as mulheres, a condição atinge uma porcentagem baixa, mas funciona da mesma maneira: uma falha aqui e outra ali que vão aumentando periodicamente. Infelizmente, é o tipo de condição que não tem cura.
A Dra. Roberta explica que é possível, porém, controlar e até mesmo reverter um quadro de alopecia, mas há, claro, um certo nível de dedicação atrelado: “A paciente deve saber que sempre terá que usar medicamentos visando o controle da doença”.
COMO IDENTIFICAR A ALOPECIA ANDROGENÉTICA?
Segundo a Dra. Monica Linhares, dermatologista e diretora da clínica Espaço Saúde Rio, é preciso prestar atenção na saúde do seu cabelo para identificar a doença. “Os primeiros sinais envolvem uma perda mais difusa do cabelo, com raleamento visível dos fios no topo da cabeça. A risca do cabelo vai se ‘alargando’ e mostrando cada vez mais o couro cabeludo”, explica ela.
Ao mesmo tempo, não necessariamente essa queda pode implicar um quadro de alopecia. Por isso é tão importante passar sempre pela avaliação de um profissional, já que cada caso é um caso.
Muitas vezes, a queda e fraqueza dos fios pode estar associada a outros fatores importantes, como a produção hormonal do seu organismo. “Algumas queixas são importantes para suspeitarmos de um quadro de alopecia androgenética: histórico familiar do caso; afinamento gradual dos cabelos; mulheres com quadro de síndrome do ovário policístico têm maior predisposição a desenvolver a doença; algumas mulheres só apresentam sintomas de alopécia depois menopausa, quando ocorre uma diminuição da produção de hormônios. Quanto mais informações você levar para o seu médico, melhor”, completa Monica.
Outro ponto importante é que a doença não está diretamente ligada a quedas volumosas de cabelo (quando você passa a mão na cabeça e vem uma quantidade considerável de fios junto). O fio afina gradualmente até que o folículo fica entupido e ele não cresce mais. Porém, você pode, sim, ter um caso de alopecia ligado a outro de queda significativa.
COMO FUNCIONA O TRATAMENTO?
Existem diferentes maneiras de tratar uma alopecia: “Os principais tratamentos são por via oral, usando drogas que bloqueiam a ação hormonal nos receptores do couro cabeludo, e a aplicação de medicamentos tópicos para estimular o aporte de nutrientes, estimulando o crescimento e espessamento dos fios de cabelo”, explica Roberta.
Além disso, existem outras quatro principais formas de combater os efeitos da doença:
Mesoterapia: Micro-injeções de vitaminas e fatores de crescimento diretamente nos folícolos pilosos.
Medicação tópica: Consiste em shampoos e loções de aplicação direta na região afetada. É o mais indicado nos estágios iniciais. “Os medicamentos estimulam o crescimento do cabelo, mas são mais úteis como prevenção das manifestações clínicas do que como recuperação do quadro. Como a doença é crônica e evolutiva, o tratamento deve ser instituído precocemente e mantido por tempo prolongado”, explica Monica.
Transplante capilar: o transplante é indicado principalmente para os casos mais avançados da doença. A área doadora é a região próxima ao pescoço, em que os pelos não possuem receptores hormonais e, portanto, conseguem se fixar quando colocados em outras áreas do couro cabeludo. O cabelo é implantado fio por fio nos folículos da área prejudicada. Em geral, são feitas duas sessões, dependendo do grau da calvície e da densidade do cabelo. Os resultados começam a aparecer em seis meses.
Lasers: Mais indicado para aquelas que sofrem com a calvície devido à predisposição genética. O laser muda o ciclo de crescimento do pelo, ou seja, faz com que os fios voltem à fase de crescimento. Para melhores resultados, são necessárias seis sessões em intervalos de 15 dias.
A ALOPECIA NO DIA A DIA
Uma das maiores dificuldades de adaptar o tratamento de alopecia no dia a dia é, justamente, entender que essa doença é uma doença sem cura e que o tratamento não tem fim. “É preciso ter uma rotina de cuidados regrada. Vale lembrar que se o tratamento for interrompido, a determinação genética volta a se manifestar e a condição retorna. Além disso, vários tratamentos levam meses para começar a apresentar os resultados desejados”, diz Roberta.
Porque afeta a autoestima feminina diretamente, é comum as mulheres se sentirem desmotivadas a procurar uma saída e uma forma de reverter a condição. Essa, segundo Monica, é uma das principais dificuldades entre as mulheres ao lidar com a doença. “[A maior dificuldade é] Colocar esta condição como prioridade na sua vida para resgatar a autoestima. Se ela permanecer firme com o tratamento, vai haver uma melhora”, diz.
Por isso, é importante identificar casos de alopecia logo no começo. Se você percebe que o seu cabelo está caindo muito ou que os seus fios estão ficando mais finos, é essencial que você vá à um dermatologista para fazer uma análise do caso e começar o tratamento mais adequado para o seu caso.
Fonte: Revista Marie Claire
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