Um dos quadros mais reconhecidos da história da arte, “O Grito”, do pintor norueguês Edvard Munch, está desbotando — motivo pelo qual ele raramente é exibido. As cores vibrantes, como o amarelo e o laranja, que dão vida à tela, agora estão quase brancas. No entanto, uma equipe de cientistas do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália está tentando reverter a situação.
Um estudo, publicado na revista científica Science Advances, sugere que o que causa impacto na tinta amarela à base de cádmio é a umidade. Os cientistas descobriram que, mesmo no escuro, o pigmento ainda se degrada, indicando que a luz não é um fator-chave na deterioração da pintura.
Para realizar a pesquisa, o grupo usou uma combinação de métodos de raios-X e pequenos pedacinhos de tinta para investigar a obra, que se encontra no Museu Munch, em Oslo, na Noruega. Os resultados revelam que as amostras contêm sulfato de cádmio, um produto de decomposição do sulfeto de cádmio que “envelhece” o pigmento. Isso acontece em condições de 95% de umidade. Já as amostras que foram expostas a 45% de umidade não mostraram sinais de deterioração.
“A fórmula correta para preservar e exibir o quadro permanentemente deve incluir a mitigação da degradação do pigmento amarelo de cádmio, minimizando a exposição da pintura a níveis de umidade excessivamente altos”, explica, em nota, Irina Sandu, cientista de conservação do Museu Munch.
O museu, que atualmente exibe obras de arte de Edvard Munch a uma umidade relativa de 50% e a uma temperatura de cerca de 20 °C, afirmou que irá avaliar os impactos do estudo para mudar o modo de conservação. Segundo Eva Storevik Tveit, conservadora de pinturas do Museu Munch, ainda é preciso considerar como outros materiais da coleção responderiam a esses ajustes.
Ainda assim, é possível prever que os resultados são relevantes para obras de outros pintores, como Henri Matisse, Vincent van Gogh e James Ensor, visto que elas também apresentam amarelo à base de sulfeto de cádmio. “Esse tipo de trabalho mostra que arte e ciência estão intrinsecamente ligadas e que a ciência pode ajudar a preservar obras de arte para que o mundo possa continuar a admirá-las nos próximos anos”, conclui Costanza Miliani, coordenadora da plataforma MOLAB, que colaborou com a pesquisa.
Fonte: Revista Galileu.
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