Duas espécies de fungos recém-descobertas têm causado um burburinho no mundo da ciência. O motivo? Ambos possuem um macabro modo de ação. Os fungos, após contaminarem as moscas, as comem lentamente. Mesmo infectadas, as moscas seguem vivas por dias e, por isso, facilmente servem como meio de contaminação.

 

Identificados como Strongwellsea tigrinae e Strongwellsea acerosa, os fungos atacam dois tipos de mosca dinamarquesa, a Coenosia tigrina e Coenosia testacea. Após serem dominadas pelos fungos, as moscas, que se parecem bastante com as que já estamos familiarizados, basicamente vivem dias de terror.

 

Moscas zumbis

 

Os fungos, após contaminarem as moscas, começam a se alimentar de toda a estrutura interior do inseto – ou seja, reservas de gordura, órgãos reprodutivos e músculos. Logo depois, passam a produzir aglomerados de esporos, que se espalham lentamente por todo o interior do corpo.

 

Inadvertidamente, essas moscas acabam transmitindo os esporos para outras moscas de suas espécies, especialmente durante o acasalamento. Isso, quando são dominados completamente pelos fungos, os insetos perdem as forças, caem ao chão, sofrem espasmos e, depois, morrem. Após a morte, esses esporos seguem sendo liberados.

 

Os esporos são extremamente resistentes ao clima. Por conta disso, são capazes de permanecer vivos até mesmo durante o inverno, o que acaba proliferando ainda mais o número de infectados.

 

Acredita-se que os parasitas são capazes de infectar uma pequena porcentagem de indivíduos Os cientistas estimam que o número pode variar entre 3 e 5%, em uma população saudável de moscas.

 

As moscas infectadas passaram a ser chamadas pelos pesquisadores de moscas zumbis, pois enquanto são devoradas pelos fungos permanecem vivas.

 

A descoberta

 

As duas espécies de fungos foram descobertas por pesquisadores da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, que encontraram dezenas de moscas infectadas durante um trabalho de campo em Jægerspris e Amager.

 

As moscas foram encontradas tanto em áreas rurais quanto em bairros residenciais. A descoberta foi publicada no periódico científico Journal of Invertebrate Pathology. “A descoberta mostra a biodiversidade de fungos existentes na Dinamarca”, disse o líder do estudo, Jørgen Eilenberg, biólogo da Universidade de Copenhagen.

 

“Por si só, a descoberta nos permite realizar um mapeamento de novos seres que compõem a biodiversidade de nosso país. O que temos aqui é extremamente valioso. Nossa descoberta pode servir de base para estudos experimentais de vias de infecção e das substâncias bioativas envolvidas. É sensacional”.

 

Eilenberg e os outros pesquisadores envolvidos na descoberta acreditam que os fungos “dopam” as moscas com alguma substância que as mantém ativas enquanto são consumidas.

 

“Outros fungos que atacam insetos usam substâncias anfetamínicas para manter suas vítimas ativas, então, talvez, os fungos recém-descobertos trabalhem da mesma forma”, disse Eilenberg.

 

Os fungos também podem produzir substâncias antimicrobianas que mantêm outros patógenos, longe das moscas contaminadas, mantendo-as, assim, vivas por mais tempo.

 

“Definitivamente, gostaríamos de continuar nossa pesquisa, pois acreditamos que, ao descobrirmos maiores informações sobre as substâncias que são liberadas pelos fungos, a medicina, provavelmente, pode ser contemplada com inúmeros benefícios”, disse Eilenberg.

 

Para confirmar as suposições e ampliar as informações recém descoberta, os pesquisadores devem realizar novos estudos.

 

Fonte: Fatos Desconhecidos.


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