O papel higiênico é um dos itens essenciais no mundo inteiro. Seja na versão cheia de camadas, perfumada, com aloe vera, ou em um modelo mais econômico, ele sempre está presente. Sua falta pode causar situações constrangedoras que beiram ao cômico, como a famosa esticadinha de braço para tentar alcançar o gabinete da pia dentro de casa, ou o momento de solidariedade de pedir algumas folhas para a pessoa desconhecida na cabine do lado em banheiros públicos. Mas vocês já pararam para pensar em como as pessoas faziam antes dessa invenção?

 

Origens do papel higiênico

 

As primeiras referências da utilização do papel higiênico remontam ao século VI d.C., nos tribunais imperiais chineses e entre outros cidadãos ricos da China. Aos poucos, ele acabou se espalhando por toda a China e, no século XIV, já havia uma produção anual de cerca de dez milhões de embalagens de papel higiênico somente na província de Zhejiang.

 

Porém, o resto do mundo não adotou essa “moda”por um bom tempo tempo. De fato, um viajante muçulmano passando pela China no século VIII observou: “Eles (os chineses) não são cuidadosos com a limpeza e não se lavam com água quando fazem suas necessidades; apenas se limpando com papel”.

 

Na verdade, foi só a partir do final do século XIX que o papel higiênico passou a ser introduzido nos Estados Unidos e na Inglaterra, tornando-se um item para toda a população apenas no século XX.

 

E o que era utilizado antes?

 

Bom, a escolha mais popular dependia muito da região, preferência pessoal e riqueza. Os mais ricos costumavam usar cânhamo, renda ou lã; já a população mais pobre tinha o costume de simplesmente fazer cocô nos rios e lavar com água, usar trapos, aparas de madeira, folhas, feno, pedras, areia, musgo, ervas daninhas, cascas de maçã, conchas, samambaias, ou seja, praticamente qualquer outra coisa que estivesse à mão, fosse barata ou gratuita.

 

O item de higiene favorito na Roma Antiga, inclusive nos banheiros públicos, era uma esponja presa em um pedaço de pau que ficava armazenada em água salgada e voltava a ser colocada na água depois de “acabar o serviço”, prontinha para a próxima pessoa… Já os gregos antigos, por outro lado, costumavam usar pedras e pedaços de barro, que com certeza parecem ótimas escolhas para passar nas partes íntimas, não?

 

Já o escritor francês do século XVI, François Rabelais, em sua obra Gargântua e Pantagruel, observa que, depois de fazer cocô, ele sentiu que era inútil se limpar com papel e sugeriu uma alternativa bem… Inusitada. “Quem limpar seu rabo imundo com toaletes de papel deve deixar em suas bolas uma lasca”. No lugar do papel, o escritor acreditava que “o pescoço de um ganso que foi bem abatido” funcionaria muito melhor.

 

Avançando um pouquinho mais na história, as formas favoritas de limpeza na América tendiam a ser coisas como espigas de milho e outros itens vegetais e, mais tarde, as páginas de catálogos como Sears e Roebucks, Farmers Almanac e outros. Inclusive, o Farmers Almanac chegou até ser produzido com um buraco para poder ser facilmente pendurado nos banheiros exatamente para esse fim (entretenimento e limpeza em um item só!).

 

Na Índia e em outros países do Oriente Médio, o método preferido era, e em alguns casos ainda é, limpar usando apenas a mão esquerda e a água e, obviamente, lavar bem a mão depois, evitando de todas as formas preparar ou consumir alimentos com essa mão depois. Isso deve ser um problema e tanto para as pessoas canhotas…

 

Para os marinheiros, o mais comum era usar cabos de âncora desgastados e um pouco de água do mar para enxaguar, ou outras coisas que estivessem disponíveis e por perto. Os inuítes e outros povos que vivem em regiões geladas costumam a usar pedaços de neve para se limparem após suas necessidades. E tirando o fato de ser, bem, água congelada em regiões bem sensíveis, ainda é uma das melhores opções em comparação com muitos outros métodos mencionados (sério, o que é um pouco de neve comparada com uma corda, pedra ou o pescoço de uma ave morta?).

 

O papel higiênico como conhecemos hoje

 

Os primeiros passos dos avanços nessa área começaram a ser dados em meados do século XIX. Por volta de 1857, Joseph Gayetty criou o primeiro papel higiênico disponível comercialmente nos Estados Unidos.

 

Com a propaganda “A maior necessidade da época! O papel medicamentoso de Gayetty para o seu banheiro” sua versão era vendida em pacotes de folhas que eram umedecidas com aloe vera (uma ideia cerca de 130 anos a frente de seu tempo, pois foi só a partir da década de 90 que as empresas de papel higiênico voltaram a fazer isso).

 

O produto de Gayetty era vendido em pacotes com 500 folhas, e custava em torno de 50 centavos (cerca de US$ 14 atualmente). Infelizmente ele não teve muita popularidade, provavelmente porque até aquele momento a maioria das pessoas conseguia encontrar modos de se limpar que eram gratuitos e também não viam nada de errado ou nojento na maneira como cuidavam dessa situação.

 

Em meados de 1867, os irmãos Edward, Clarence e Thomas Scott, que vendiam produtos em um carrinho, também começaram a fabricar e a vender papel higiênico. Eles tiveram muito mais sucesso do que Gayetty nesta empreitada, provavelmente porque sua versão não era umedecida com aloe vera, então seu custo era bem menor.

 

Seja qual for o caso, a criação dos irmãos consistia apenas em rolos de papel um pouco macio, mas que ainda vinham com lascas devido ao processo de manufatura, o que ainda não era ideal. Uma curiosidade é que em 1935, a Northern Tissue lançou um anúncio de um papel higiênico livre de lascas, então aparentemente ainda era algo comum encontrar lascas ocasionais no papel na hora de se limpar.

 

Voltando para os Scott, eles também tiveram a brilhante ideia inovadora de colocar os nomes das empresas que estavam comprando seu produto nas embalagens, como no Waldorf Hotel. Isso foi um enorme sucesso entre os compradores, que apreciaram o marketing gratuito, e ajudou o negócio dos três a seguir em frente, em vez de afundar como a empreitada de Gayetty.

 

Mas a indústria do papel higiênico realmente ganhou força graças ao encanamento interno. O motivo por trás disso é que não havia ao que recorrer em um banheiro dentro de casa, ao contrário da época dos sanitários externos, onde você sempre podia procurar uma folha, uma pedra (ou até um pescoço de ganso) em um momento de necessidade. E, é claro, a velha tática dos catálogos não dava mais certo, afinal o papel mais grosso acabava entupindo os canos.

 

Curiosidades

 

Histeria do papel

 

Com a quarentena, muitos mercados ao redor do mundo estão ficando sem papel higiênico. Mas essa não foi a primeira vez que isso aconteceu nos Estados Unidos.

 

Em dezembro de 1973, o comediante e apresentador Johnny Carson causou uma falta de papel higiênico de quase um mês no país. Em seu programa, ele disse “Vocês sabem o que está desaparecendo das prateleiras dos supermercados? Papel higiênico… Há uma escassez aguda de papel higiênico nos Estados Unidos”.

 

Os americanos prontamente saíram e compraram todos os rolos de papel higiênico que puderam encontrar. Os vendedores tentaram racionar as vendas, mas não deu certo. Ao meio-dia do dia seguinte, praticamente todos os supermercados do país estavam esgotados.

 

Após vários dias de escassez devido a essa histeria, Carson foi ao ar tentar explicar que havia sido uma piada e pediu desculpas. Mas como as prateleiras deste artigo estavam quase sempre vazias naquele momento, quando os produtos chegavam, as pessoas compravam aos montes e estocavam tudo. Essa bagunça toda durou três semanas.

 

Como as pessoas cegas sabem que acabaram de se limpar?

 

Esta é uma outra pergunta que foi feita várias vezes ao longo dos anos. Para começar, uma grande porcentagem da população mundial prefere usar água primeiro, em vez de resolver a situação toda com papel higiênico.

 

Com algo como um bidê com uma pressão razoável, basta lavar um pouco e usar papel higiênico para secar, que vai sair limpo de primeira. Para os cegos que não têm acesso a um bidê, dá para saber que já pode parar de se limpar só com a resposta tátil. Desde que a pessoa não esteja utilizando um daqueles papéis higiênicos ultra sofisticados, com milhares de camadas e umedecidos, não é muito difícil perceber que já está tudo resolvido só pela sensação.

 

Essencialmente, é preciso prestar atenção à facilidade com que o papel higiênico desliza (ou não) pelas partes íntimas, quanto mais áspero for, mais limpo está.

 

Fonte: Mega Curioso.


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