Nossa colunista examina como os mais velhos podem blindar suas emoções e evitar ansiedade e depressão durante a quarentena decorrente do coronavírus
Em meio à pandemia que enfrentamos, o isolamento social é um dos recursos vitais tanto para reduzir o ritmo de propagação do novo coronavírus em nossa sociedade como para resguardar a população idosa, que está no grupo considerado de maior risco. Enquanto esperamos que os pesquisadores desenvolvam uma vacina capaz de nos imunizar contra o vírus Sars-CoV-2, ficar em casa e manter o distanciamento social tornou-se a nossa maior barreira protetora.
Ao passo que se trata de um cuidado muito bem indicado, a medida pode gerar uma avalanche de emoções nos idosos, o que é capaz de colocar em risco sua saúde mental.
Situações como quarentenas tendem a despertar sentimentos como solidão, estresse, ansiedade, tristeza e depressão. De acordo com o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), tais condições são esperadas durante um surto de doença infecciosa, como temos vivido com a Covid-19.
Geralmente, o idoso tem medo por si e por seus entes queridos. Seu sono se altera e seu apetite também pode ser impactado. Um cenário propício para, inclusive, agravar problemas crônicos de saúde como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.
Como lidar com as emoções?
Em primeiro lugar, é preciso expandir o foco. Sabemos que a informação é uma das ferramentas essenciais para combater o novo coronavírus. Sendo assim, assistir aos noticiários é importante para se manter a par da situação. Entretanto, evite ficar concentrado única e exclusivamente nas notícias relacionadas à Covid-19.
Procure assistir a filmes, ler livros… Destine apenas um momento do seu dia para atualização do que acontece no mundo externo. Não se consuma, apenas cuide-se!
Segundo conselho: mantenha-se ativo. Prepare suas receitas na cozinha, aprenda e arrisque novos pratos. E não deixe de fazer exercícios dentro de casa, de acordo com suas possibilidades e limitações físicas. Caminhe, sente, levante… mude de posição! Evite ficar sentado ou deitado o dia todo, quando possível.
Terceiro: vamos usar a tecnologia a nosso favor. Distanciamento e isolamento social não têm que significar solidão. Faça contato com os familiares e amigos por meio de chamadas de vídeo ou das redes sociais. Marque conversas, reuniões em grupo. Aproveite a tecnologia para estar conectado com aqueles que você ama. E, claro, lance mão do bom e velho telefone, seja ele fixo ou móvel.
Para os idosos, precisamos passar uma mensagem em particular: aceite ajuda. Muita gente se dispõe a auxiliar os mais velhos no período de confinamento. Aceite esse suporte em seu entorno e comunidade para que alguém lhe faça e traga as compras do mercado e da farmácia, por exemplo. E não deixe de utilizar os serviços de delivery.
Outro conselho é manter a espiritualidade ativa nessas horas. Independentemente da sua crença, procure meditar, orar ou rezar. A espiritualidade contribui com o envelhecimento saudável. Estudos apontam que pessoas que nutrem alguma crença têm um melhor equilíbrio na conexão entre mente e corpo, são mais positivas e reagem melhor a problemas e adversidades — como a pandemia de Covid-19.
Nesse sentido, cultive cautela, paciência e sabedoria. Não é hora de flexibilizar o isolamento social. Todos podem e devem fazer sua parte, respeitando o distanciamento.
Muitos de nós temos pais, tios, avós e vizinhos idosos. Essa história de que bastaria isolar somente o grupo mais vulnerável, caso dos mais velhos, não tem fundamento. A ciência e a experiência dos outros países nos ensinam isso. Na realidade brasileira, é comum crianças, jovens e adultos morarem com idosos. E os mais novos podem sair de casa e retornar infectados.
Daí a necessidade de todo mundo tomar os cuidados recomendados pelos órgãos de saúde, reduzindo as saídas, tirando roupas e calçados na entrada de casa caso tenha ido ao mercado, higienizando as mãos e os objetos… E evitando qualquer contato com o idoso enquanto essas medidas não forem realizadas.
Tenhamos em mente que vai passar. E vamos vencer. A história mundial nos ensina que outras epidemias, até a gripe espanhola, foram vencidas. E hoje temos a vantagem de ter tecnologia e ciência de ponta para desenvolver vacinas e outras soluções.
Estamos no caminho certo, mas lembre-se sempre que hoje a melhor arma à disposição contra o coronavírus é o isolamento social. Você não está sozinho. Fique em casa e confiante que chegaremos bem juntos.
Fonte: Saúde Abril.
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