As ossadas de 51 pessoas com crânios deformados encontradas no cemitério de Mözs-Icsei dűlő, no sul da Hungria, estão ajudando os especialistas a desvendarem a história europeia. Segundo um estudo publicado na última quarta-feira (29) no PlosOne, o grupo viveu nesta região por volta do século 5, no início do período de migrações na Europa.
Naquela época, a população à qual o grupo pertencia entrou em um ritmo de contínua transformação cultural à medida que novos grupos estrangeiros chegavam na região em busca de refúgio, pois os hunos haviam invadido a Europa Central e os romanos haviam abandonado as províncias da Panônia, situada na atual Hungria Ocidental.
Para entender melhor essas rápidas mudanças, um grupo de arqueólogos liderados por Corina Knipper, do Centro Curt-Engelhorn de Arqueometria, na Alemanha, resolveu estudar os corpos do sítio arqueológico de Mözs-Icsei dűlő, escavado pela primeira vez em 1961. Os autores realizaram um novo levantamento arqueológico do cemitério e usaram uma combinação de análises isotópicas e antropologia biológica para investigar os enterros escavados anteriormente.
De acordo com a nova análise, a população que vivia perto do cemitério à época era notavelmente diversificada e enterrou corpos na região por pelo menos três gerações. Das 96 ossadas descobertas, uma pequena parcela pertenceu aos fundadores locais, com sepulturas construídas em estilo romano. Outra parte dos corpos era de estrangeiros que provavelmente se estabeleceram na região durante as migrações.
Isso porque os enterros da terceira (e maior) geração apresentavam características romanas e estrangeiras — como os crânios alongados. Segundo os especialistas, a prática de deformar cabeças (na maior parte das vezes utilizando bandagens) pode ser atribuída à era paleolítica, originando-se na Ásia Central, no século 2 a.C., e expandindo-se pela Europa, chegando à Hungria por volta do século 5.
No total, 51 indivíduos, incluindo homens, mulheres e crianças com crânios alongados foram encontrados no cemitério de Mözs-Icsei dűlő, o que faz do sítio arqueológico um dos locais com mais enterros do tipo na região. Embora mais investigações sejam necessárias, os especialistas acreditam que essas descobertas indicam que ao menos uma cultura local surgiu na Panônia durante e após o declínio do Império Romano na região.
“A aplicação de novas tecnologias ajudou enormemente a compreendermos a formação e o estilo de vida da comunidade durante o século 5”, disseram os coautores do estudo István Koncz, Zsófia Rácz e Vida Tivadar ao Live Science.
Fonte: Revista Galileu
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