Se você acompanha o noticiário provavelmente já se deu conta de que todos os anos as queimadas acabam com extensas partes da floresta amazônica. Aliás, elas fazem parte de uma prática agrícola cujo objetivo é abrir espaço para as plantações, assim como para as pastagens de gado.
Sem dúvidas, as atividades econômicas desenvolvidas nessa região, como a agricultura (principalmente da soja), são extremamente importantes para a economia do país. Porém, as queimadas que levam ao desmatamento não são nosso único problema: a forma como a agricultura é praticada na Amazônia tem causado danos irreversíveis em muitas áreas.
Mas será possível plantar de forma responsável na região?
Mais agricultura e menos desmatamento
O Brasil é uma potência agrícola. Não por acaso, é chamado de celeiro do mundo. Para o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Assad, não existe nenhum motivo para aumentar as áreas desmatadas para ampliar a produção, seja da agricultura ou da pecuária.
De acordo com o especialista, os 76 milhões de hectares da floresta que já foram desmatados, são o bastante para aumentar a produção de grãos e de carne. Para isso, bastaria colocar em prática algo óbvio, mas até agora desconsiderado pelos governos: fazer um melhor uso dessas terras.
Os possíveis caminhos para uma agricultura responsável
Segundo a análise Solving Brazil’s land use puzzle: Increasing production and slowing Amazon deforestation (“Resolvendo o quebra-cabeça do uso da terra no Brasil: aumento da produção e desaceleração do desmatamento na Amazônia”), publicada na Science Direct, existem alguns caminhos que podem ser adotados para ser possível plantar sem agredir a floresta amazônica.
Ou melhor, formas de aumentar a produção e o bem-estar social, enquanto se trabalha na redução do desmatamento. Veja as propostas dessa análise:
Ponto 1: acabar com a especulação de terras e a grilagem. Isso permitiria impedir a expansão sem controle e a prática inadequada da agricultura e da pecuária;
Ponto 2: promover a redução do desmatamento nas propriedades privadas. Nesse caso, um aspecto muito importante seria apoiar e implementar inciativas que visassem o abastecimento sustentável de produtos agrícolas, além do uso efetivo de mecanismos já existentes no Código Florestal do Brasil;
Ponto 3: incentivar e desenvolver iniciativas para promover o aumento da produtividade em áreas/propriedades de médio e grande porte. Isso poderia ser feito por meio de investimentos direcionados especificamente para esse fim. Com isso, seria possível, não somente cumprir as metas de produção nacional, mas também atender a demanda crescente por produtos da agricultura nacional pelo mercado internacional;
Ponto 4: desenvolver inciativas voltadas para melhorar os setores econômicos, sociais e ambientais. E nesse caso, o foco seria fornecer assistência técnica e orientação especializada aos pequenos produtores.
O que já está acontecendo
Mesmo quando consideramos que as políticas de proteção e fiscalização ambiental do âmbito federal apresentem suas falhas e incoerências, na região amazônica já existem produtores que têm buscado aprender e aplicar novos modelos de produção agrícola.
Nesse sentido, vale destacar o plantio de grãos em áreas de pastagem degradadas e a criação de áreas que trabalhem com sistemas integrados de agricultura-floresta-pastagem.
No meio de tudo isso um aspecto se sobressai: a extensa maioria dos movimentos, ações e iniciativas visando garantir que a agricultura possa ser praticada de forma responsável na região da floresta amazônica tem acontecido com poucos e, na maior parte dos casos, sem nenhum incentivo governamental.
Sem dúvidas, é possível plantar sem desmatar. Porém, as barreiras que impedem investimentos em ações comprometidas com a sustentabilidade, os incentivos feitos às escondidas ao desmatamento, a fiscalização deficiente e até inexistente, bem como a falta de soluções integradas, impedem que todos os aspectos positivos apontados até aqui se tornem realidade.
Fonte: Mega Curioso.
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