Na ilha de Barro Colorado, no Panamá, vive o gênero de abelhas Megalopta, conhecido por ter indivíduos que são metade macho e metade fêmea. Essa condição é resultado de um fenômeno chamado ginandromorfo, no qual o inseto nasce com parte do corpo composto por características femininas e a outra por aspectos masculinos.

 

A primeira descoberta de uma Megalopta ginandromorfa ocorreu em 1999, quando uma equipe de cientistas encontrou um indivíduo da espécie M. genalis que tinha a condição. O animal foi estudado amplamente desde então, mas foi só no fim de fevereiro deste ano que outra espécie do inseto com a mesma condição foi observada.

 

De acordo com um estudo publicado no Journal of Hymenoptera Research, um grupo de estudantes e cientistas do instituto norte-americano Smithsonian encontrou um espécime de M. amoenae enquanto observava o comportamento noturnos de abelhas em Barro Colorado. “É impressionante que, mesmo existindo uma grande amostragem de Megalopta no Instituto Smithsonian por quase 30 anos, apenas dois ginandromorfos tenham sido encontrados. Isso realmente mostra a raridade dessas criaturas”, comentou Erin Krichilsky, que participou da pesquisa, em comunicado.

 

Como relatam os especialistas, o lado esquerdo do espécime era masculino, com uma antena comprida, mandíbula delicada e o membro posterior fino e nu. Enquanto isso, o lado direito era do tipo feminino, com uma antena mais curta, robusta mandíbula dentada para cavar um ninho e o membro inferior com vários pelos para o transporte de pólen.

 

Dada a singularidade da descoberta, o grupo decidiu descrever um aspecto de seu comportamento que não havia sido estudado anteriormente em ginandromorfos: seu ritmo circadiano. Esse é o “relógio biológico” do ser vivo que indica ao organismo como “cronometrar” suas atividades diárias.

 

Examinando esse aspecto em particular, a equipe descobriu que a atividade do ginandromorfo começava no início do dia, mais cedo que os espécimes que apresentavam características de apenas um sexo. Além disso, eles perceberam que o período em que o animal estava mais ativo era o mesmo que o das fêmeas observadas.

 

Para a equipe, casos como esses devem continuar sendo estudados para determinar a frequência e a distribuição de ginandromorfos em todo o mundo, mas também porque eles podem exibir comportamentos novos e até possibilidades evolutivas. “Encontrar o M. amoena foi como encontrar ouro ou ganhar na loteria darwiniana”, disse Krichilsky

 

Fonte: Revista Galileu


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