Método, processo ou operação que consiste em reunir elementos diferentes, concretos ou abstratos, e fundi-los num todo coerente.

 

Esta é, sem mudar uma vírgula, a defnição do verbete síntese encontrada na wikipedia.

 

Esta é, sem mudar uma vírgula, a descrição fel e precisa do funcionamento interno do 5 a Seco ao longo de nossos quase oito anos de trajetória até o momento.

 

Num grupo que nasceu com o preceito de ser a união de cinco artistas com carreiras e formações singulares — um coletivo de compositores e não uma banda –, reunir elementos diferentes e fundi-los num todo coerente é um processo contínuo: uma síntese por dia.

 

Mas é mais do que isso. Porque é possível emprestar as consagradas categorias da dialética hegeliana de tese, antítesee síntese, e traçar um imediato paralelo com nossa trajetória fonográfca.

 

Ao vivo no Auditório Ibirapuera (2012) é a tese: a potência do encontro dos cinco cantautores apresentada como ela nasceu, num espetáculo ao vivo. A ideia das trocas de formação instrumental, da ausência de uma formação fxa, com os cinco integrantes dispostos em linha na frente do palco: tudo isso está ali.

 

Policromo (2014) é a antítese: um álbum de estúdio, cheio de overdubs e experimentações sonoras, com uma procura muito mais detalhada de timbres e texturas, um ferte com uma sonoridade de banda pop: um passo adiante, um contraponto. Síntese é a integração desses dois mundos.

 

Do primeiro trabalho, retorna a ideia de experimentar longamente um show antes de registrá-lo em álbum; a noção de que é nas apresentações ao vivo que o 5 a Seco se mostra em sua forma essencial e o conceito da formação em linha, aqui radicalizado, retirando os instrumentos que fcavam ao fundo do palco e posicionando-os à frente.

 

Essa escolha tem a ver com a afrmação da identidade conceitual do coletivo. Um exemplo: a bateria sai de um praticável distante e aparece agora desmembrada em pequenas estações espalhadas entre os cinco microfones, acarretando não só diferentes texturas sonoras como também uma nova postura cênica e musical dos integrantes no palco.

 

Este tipo de encaminhamento não seria possível sem a vivência de gravação em estúdio de Policromo, de onde conservamos a inquietude de uma pesquisa timbrística cada vez mais detalhista; a procura de uma sonoridade singular presente na profusão de pedais de guitarras; a adoção cada vez mais clara de teclados e sintetizadores e o uso da tecnologia como ferramenta de criação.

 

Pode saltar aos olhos e ouvidos, nesta nova etapa, a falta do violão, que é o instrumento de origem de cada um de nós e com o qual fomos tantas vezes associados.

 

Bem, isso não é uma ruptura: é apenas o comprometimento com a procura de uma sonoridade surpreendente- não só para os ouvintes, mas também para nós mesmos. O violão permanece como nossa matriz afetiva, a foto de nossa aldeia, onde vamos fabricar as canções para apresentar ao mundo.