Um homem encontra um frango num sofisticado e decadente lugar imaginado por um deles. Surpreende-se ao ver que o frango é de borracha. O frango, por sua vez, fica surpreso porque ele é feito assim, com essa expressão. Para o homem, o frango está assustado com o fato dele ter essa característica humana composta de vários órgãos. Olhando outros animais igualmente humanos, através de uma pequena janela no canto da sala, pisando alguns cacos de vidro e penteando seus longos e dourados cabelos imaginários, o homem explica ao frango o que sente em viver com esses órgãos num mar de animais inteligentes, tentando subsistir e controlando seus instintos.
O homem, sempre elegante e vaidoso, convence o frango de que é bem melhor ser de borracha. O frango não opina, não discute, não se expressa frente à barbárie da qual começa a ser testemunha. O homem vai ficando cada vez mais bêbado, mais apaixonado e devorado pelo desejo. Tenta sair do lugar, mas não sabe como, não lembra nem quando entrou, percebe então que só tem a mesma e única opção de sempre: se repetir uma e outa vez eternamente sendo o que ele é. Um belo animal social numa infrutuosa, engraçada e patética relação com um frango de borracha.