A peça pode ser o retrato de um dos mortos nas recentes rebeliões presidiárias”, comenta o ator, diretor, iluminador e coautor da peça, Vinícius Piedade. Jogando luz em temas como a precarização das prisões e a ineficácia na ressocialização dos ex-presidiários, o monólogo propõe uma visão humanizada para a atual crise no sistema carcerário brasileiro. “Essa história emblematiza tantos casos de presidiários que não têm histórico associado ao crime, mas que facilmente são cooptados e mortos em rebeliões”, completa.
Além disso, a narrativa de Cárcere é um convite para o público refletir a respeito das liberdades e prisões que nos rodeiam. “Meu diário é uma metáfora para casamentos aprisionantes, relações encarceradas, trabalhos acorrentadores, mentes algemadas, vidas encarceradas mesmo que em liberdade”, afirma o protagonista em cena.
A proposta estética da peça percorre diferentes camadas e linguagens, desde o humor corrosivo de um homem em estado de sítio a momentos essencialmente corporais. “Eu preferia tocar piano e dizer o que tenho para dizer em ritmo e disritmia, mas como aqui não tem piano eu escrevo, mesmo sem saber fazer poesia”. Por meio de uma linguagem acessível e visceral, a peça leva a? cena camadas de profundidade que visam proporcionar ao público um mergulho em diferentes perspectivas de ser e estar preso. Ou livre.