Coruja BC1, que traz em seu trabalho discussões sociais, autocritica e ironia social, distanciando-se do óbvio, nasceu em Munhoz Jr. – Osasco, Gustavo Vinicius Gomes de Sousa, aka Coruja BC1, já sabia qual era a realidade de um jovem negro da periferia aos seis anos de idade, época em que presenciou um ato de violência brutal. Após testemunhar o pai sobreviver à seis tiros, sua família decidiu mudar-se para o interior de São Paulo, em Bauru, com esperança em uma vida com menos violência.
Em Bauru, Gustavo passou a ter maior contato com a música, usando sua habilidade de rima e improviso para expressar suas lutas e o cotidiano que viveu na periferia de São Paulo. Assim nasceu Coruja BC1, nome que leva hoje como persona e marca, considerando o principal objetivo de sua arte a “busca pelo conhecimento em primeiro lugar”.
Em 2012, Coruja lançou seu primeiro álbum de estúdio, “Até Surdo Ouviu”,
onde o vídeo de “Não Posso Murmurar”, faixa que fez com que o rapper ganhasse destaque no mundo da música. Assim, navegando entre influências do samba, MPB e jazz, o cantor marcou seu nome como representante do rap nacional fazendo parcerias com grandes produtores e nomes importantes do cenário rap, como Emicida, Djonga, presentes em seus dois últimos álbuns de estúdio, “No Dia dos Nossos”, lançado em 2017 e “Psicodelic”, lançado esse ano.
Após o lançamento tardio de “No Dia dos Nossos”, chegando ao público apenas dois anos após ser escrito, o rapper entrou em processo de depressão, onde a saúde mental foi sua prioridade. Abordando tal acontecimento como conceito-chave, a saúde mental deu origem ao seu último álbum, “Psicodelic”, criado a partir da frase que sua babalorixá disse: “devemos tomar cuidado com a nossa mente. Ela arma, engatilha e atira”. No álbum Coruja reflete memórias, traumas, críticas, anseios e até momentos de amor vividos nesta fase, transformando solidão e depressão em rimas profundas e beats como forma de protesto. “Esse é um disco de autoanálise. Existe um mundo sombrio lá fora e como eu arrumo meu próprio mundo? Preciso estar bem e cuidar da minha saúde mental pra poder vencer.
Preciso falar de coisas que falo mas não do que todo mundo já sabe, falar de temas que vão conectar as pessoas a algo mais profundo do que o senso comum pode oferecer. Precisava ir mais fundo nos temas, para as pessoas verem muito mais que o Coruja da punchline e do egotrip. Quis fazer coisas que não esperam de mim mas eu sei fazer. Psicodelic é um disco na contramão do senso comum” continua o artista.
Em “Psicodelic” seu último álbum, o rapper transita em caminhos além do rap, como trap, R&B e até samba, o que proporcionou uma entrega mais madura e mostrou sua evolução musical, uma vez que o público não imagina Coruja como compositor de estilos variados.
