Crimes Delicados ganha nova montagem e após sua temporada de sucesso na capital paulistana, estreia aos Sábados e Domingos as 17:00h – 18 de janeiro a 16 de fevereiro, no Teatro PetraGold. Marcus Alvisi dirige o elenco formado pelos atores Daniel Dantas, André Junqueira e Well Aguiar. O texto de José Antônio Souza (morto no último mês de julho) escrito na década de 1970 teve a sua primeira montagem dirigida por Antônio Abujamra.
O elenco todo masculino (que está, simultaneamente, em cartaz com a peça O Inoportuno, no mesmo teatro) dá vida ao casal Lila (André) e Hugo (Well), que trama o assassinato da sua empregada Efigênia (Daniel). Humor, drama e suspense se alternam em cena enquanto o casal vê Efigênia resistir fortemente aos ataques dos patrões, que estão encurralados pela situação. A peça esteve em cartaz no Rio de Janeiro em 2017 no Teatro dos 4, Teatro Dulcina e Teatro Glauce Rocha, e na época Efigênia foi interpretada pelo ator Bernardo Schlegel.
O diretor Marcus Alvisi diz que o texto é atemporal e fala sobre o poder e, principalmente, o abuso que o casal faz dele sentindo-se impune no sentido absoluto do termo. “Parece uma temática interminável. Uma comédia vertiginosa sobre a manipulação do poder em seus meandros mais obscuros. Inclusive o poder de matar. Entretanto, paradoxalmente, trata-se de um texto solar. Essa ambiguidade entre luzes e sombras faz de Crimes Delicados uma joia da literatura dramática brasileira. Uma peça com matizes quase surrealistas e a precisão cirúrgica em seus diálogos, inspirado, talvez, no melhor de Ionesco, Beckett, Guelderode e Arrabal. Tudo isso está misturado nesta peça, mas não se iludam: é radicalmente José Antônio de Souza”, afirma.
Força do texto
O texto de José Antônio de Souza aposta em diálogos rápidos e precisos, o que lhe confere grande força. Por isso, Alvisi aposta na simplicidade para que esse elemento ganhe ainda mais destaque em cena. “A linguagem e a urdidura da trama respiram num só rasgo. O diálogo é ação, a ação é diálogo. Desde a primeira palavra já é possível criar a atmosfera dessa obra. Da segunda em diante é só vertigem. O autor vai nos revelando o imprevisível numa organicidade sem emendas, sólida e nervosa. A ação dramática se avoluma a cada fala pois o texto é trabalhado com rigor e sem arestas. E como num jogo, onde o improvável pode acontecer, Crimes Delicados vai às últimas consequências neste sentido.
O espetáculo tem uma série de matizes quase surrealistas e a precisão cirúrgica em seus diálogos, que, segundo o diretor, podem ter bebido na inspiração do melhor de Ionesco, Beckett, Guelderode e Arrabal. “E tudo isso aparece em cena misturado, mas não se iludam: Crimes Delicados é radicalmente José Antônio de Souza”.