Dora compartilha trechos de escritos, cartas da prisão e cartas do exílio trocadas entre a guerrilheira Maria Auxiliadora Lara Barcelos e sua mãe Clélia Lara Barcelos, recriando o que chamava de “Represa de Dora”, um campo de comunicação entre o confinamento, o banimento e a possibilidade da utopia. Dora, mineira como os pais de Sara, nasceu no mesmo ano que sua mãe e se envolveu na resistência à ditadura, tendo sido presa e exilada, assim também aconteceu com o pai da Sara, Inácio Bueno.
Essa longa pesquisa a partir das cartas conjugou palavras “reais” num tempo poético, que aproximou e cruzou histórias, tateando tanto os processos que levaram o corpo de Dora ao suicídio como o inverso: investigou um campo vibrátil para que ela reviva, numa espécie de cartografia do “encarnar”, avessa a desistência, fomentando o aspecto subjetivo da resistência memória, chamamento para atualizarmos referências de luta e de mulheres que se envolveram com a política no país.