A peça chama a atenção pela proposta singular: um monólogo criado e encenado por um cadeirante. Misturando ficção e realidade, o ator e autor Luciano Mallmann interpreta depoimentos de cadeirantes – homens e mulheres – em temas universais que garantem a identificação direta do público. A inspiração partiu da experiência do próprio artista gaúcho e de depoimentos de pessoas que tiveram lesões medulares que conheceu depois que passou a usar cadeira de rodas. Em 2004, ele ficou paraplégico após uma queda durante um exercício de acrobacia área em tecido, no Rio de Janeiro.
Não há cenário, nem marcações bruscas. Dirigida por Liane Venturella, “Ícaro” valoriza a interpretação e surpreende pela forma com que o ator explora o corpo durante as cenas. A precisão dos movimentos foi um elemento fundamental para expressar as limitações físicas de cada personagem. Surgem, em cena, a modelo, o lutador, a mãe, o ator e o acrobata. Ao longo de 70 minutos, Luciano Mallmann dialoga com o público temas como preconceito, resiliência, relações familiares e amorosas, suicídio, maternidade e gravidez. Um mosaico sobre a diversidade humana.
— Por trás da deficiência, existe uma pessoa que tem histórias. Isso é o mais importante e também o que provoca a identificação com a plateia. A peça desperta essa quebra de paradigma. Não adianta nada os cadeirantes estarem integrados à sociedade, mas sempre serem vistos de forma diferente pelos outros — defende Luciano Mallmann.
Horários: Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h.