Quem estiver caminhando pela Rua Dois De Dezembro, no Flamengo, terá uma surpresa. Pela primeira vez, quatro grandes janelas da tradicional instituição cultural serão transformadas em obra de arte. A convite do curador Alberto Saraiva, o artista carioca Antonio Tebyriçá criará novas paisagens para serem vistas de fora para dentro do espaço do Oi Futuro.
A intervenção “Janelas Internas” promoverá um diálogo com pedestres e espectadores. O jovem e promissor artista, de 27 anos, aplicará pinturas abstratas com vinil de plotter em quatro janelas, três de 2 por 4 metros de altura, e uma menor de 2 metros por 2 de altura. “É mais um projeto que uma exposição. O suporte (janelas), imagens contrastantes e elementos arquétipos que utilizo na minha pintura atual foram o que me guiaram”, explica Tebyriçá.
Formado em designer pela PUC-Rio, Antonio Tebyriça decidiu viver profissionalmente de arte há cinco anos. Meus pais são artistas plásticos e cresci indo a exposições e museus. Demorei para perceber que era artista, mas talvez tenha sido um caminho óbvio”, analisa.
Fã de pintores impressionistas alemães e de brasileiros, como Rafael Alonso, Gabriel Secchin e Antônio Dias, o artista imprime uma linguagem de rua à sua obra, fruto de suas andanças de skate pelas pistas da Zona Sul carioca. Em sua narrativa, pedaços de madeira, objetos deixados em entulhos e outros suportes ganham novas roupagens e significados. Para ele, que se locomove sempre de skate, deslizar por entre as ruas, interagindo com os obstáculos do caminho, é a melhor metáfora para seu processo de arte.
Colecionador de selos, peças usadas de xadrez, cartas antigas e zines, Antonio aplicará nos vitrais da Oi Futuro uma base de cores saturadas onde os arquétipos, sejam dois sois, uma mula sem cabeça ou um hieróglifo a decifrar, surgirão de maneira inesperada. “Será um diálogo interessante, pois as janelas, através das quais se vê a paisagem de dentro para fora, terão sua função invertida, onde o espectador verá a paisagem de fora para dentro. Gosto destes contrastes contextuais abruptos, pois as grandes coisas em nossas vidas são imprevisíveis e no atual momento (político) que estamos, só nos resta contar com o inesperado”, observa.
Formado em diversos cursos de artes visuais no Parque Lage, o artista já realizou individuais e coletivas em lugares como: Galeria Pequena da Candido Mendes (“Antonio Tebyriçá: Ocupação”, 2017); Espaço Cultural Olho da Rua (edital “Entre Obras”, 2016); EAV Parque Lage (performance “Desculpa o Transtorno”, com Paula Blower); Euroart (“Coletivo Paralelo”, 2017).
“Acompanho e sou fã da atual cena de arte contemporânea brasileira. Acho muito importante o modo como os artistas vêm criando discursos para questões que merecem respeito e debate, como feminismo, homofobia, racismo etc”, opina.