No palco apenas Karina, os tambores e o guitarrista Regis Damasceno.
São duas congas, ilú, alfaia, pandeiro, ganzá e outras percussões que dão o pulso pra muitas músicas que começaram como poesias recitadas do seu livro “Desperdiçando Rima” (editora Rocco/2015), intercaladas por músicas do repertório de seus discos solo com arranjos bem diferentes dos feitos com banda.
Destaque pra música ‘Selvática”, que aqui é feita só com um ilú e voz, versão que exalta ainda mais a letra e destaca a poesia falada como poder de comunicação no palco, rua, qualquer lugar em que haja uma pessoa atenta.
Algumas músicas são acompanhadas de um pandeiro, como “Falta de Sorte” e “Vida Boa é do Atrasado”. “Machado Branco e Vermelho”, que faz referência ao orixá Xangô, é cantada com acompanhamento só de um triângulo.
O show tem uma dinâmica únicaàs vezes com um pulso forte, às vezes malemolente, como em “Amaralina”, música de Karina que integra o primeiro disco da banda Comadre Fulozinha, ou “Sorri pra Bahia, de Luiz Melodia, que aqui ganha forma de ijexá e é tocada junto com Pureza de Menino, queoriginalmente é um reggae, do pernambucano Marcelo Santana.
Seja na delicadeza de um ijexá, ritmo que ela executou por anos em afoxés de Pernambuco, ou na explosão de uma alfaia (instrumento que a acompanhou quando integrou o maracatu Estrela Brilhante do Recife, entre 1995 e 1998), o show Voz e Tambor é uma chance de conhecer ou rever um outro lado de Karina como compositora e cantora, o primeiro que veio à tona na sua carreira musical, diferente do lado rock and roll que costumou se destacar em seus shows com banda.