Atriz e cantora, Marlene Dietrich (1901-1992) foi uma das personalidades mais marcantes do século XX. No cinema, no teatro e na música, Dietrich se destacou por sua originalidade e perfeccionismo. Grandes compositores escreveram canções especialmente para ela. Foi um dos maiores símbolos sexuais do cinema – seu rosto, pernas e voz já fazem parte do imaginário de gerações. Por sua movimentada vida amorosa passaram Eric Maria Remarque, Jean Gabin, Yul Bryner, Ernest Hemingway, Burt Bacharach, Frank Sinatra, Cole Porter.
Desde o início de sua carreira, Dietrich esteve sempre no centro dos acontecimentos: na Berlim dos anos 20; em Hollywood, a partir dos anos 30; no front da II Guerra Mundial, quando cantou para os soldados; em Paris e Nova York nas décadas seguintes. Sua história mistura-se com a história do século XX.
Indicada ao Prêmio Shell e vencedora do Prêmio ALERJ (Heloneida Studart) de melhor atriz, Sylvia Bandeira conta que “numa cena do musical Rádio Nacional, eu vivia uma sedutora desquitada que narrava maravilhada para uma vizinha todo o Esplendor do Copacabana Palace. A personagem confessava que se sentia a Marlene Dietrich cantando um trecho de Lili Marlene. Foi assim que nasceu meu sonho de levar à cena a vida da diva alemã”.
Encomendou então o texto a Aimar Labaki. “Escrevi Marlene Dietrich, As Pernas do Século por encomenda de Sylvia Bandeira. Mas, como sempre, a encomenda só dá certo se há uma sintonia entre o meu desejo e o de quem encomenda. A peça dialoga com outros textos meus, que também têm entre seus temas a questão da passagem do tempo. E acabou sendo a primeira de uma série de biografias que escrevi em seguida, também por encomenda, e que devem ser encenadas este ano: Radium, sobre Madame Curie e Mocotó sobre o Maestro Erlon Chaves”, comenta o autor.
Para contar a retrospectiva da história de Marlene, a preparadora física Márcia Rubin fez um importante trabalho com Sylvia para dar a ela o peso da idade da mulher de 90 anos sem ser caricata.
No final da vida, já bem idosa, Marlene conhece um jovem que não faz a menor ideia de quem ela seja, e sequer ouviu falar do mito Marlene Dietrich. Já às vésperas de completar 90 anos, ela acaba seduzindo o rapaz de uma forma bem diferente de quando brilhava absoluta no cinema e nos palcos. Se hoje não conta mais com o frescor da juventude nem com as lendárias pernas, seu charme e inteligência estão mais vivos do que nunca, e somados a uma grande aliada: a memória. Ao narrar para o desavisado rapaz sua trajetória, a diva o envolve e o fascina por ter sido testemunha e personagem dos acontecimentos mais marcantes do século XX: desde o crescimento do nazismo na Alemanha dos anos 1920, passando pelo glamour de Hollywood dos anos 30 a 50, sua experiência no front da II Guerra, até os anos 70, pelos palcos do mundo, New York, Londres, Rio de Janeiro, Tókio.
Na biografia musicada, que traz em cena quatro atores/cantores e três músicos, Sylvia Bandeira desfila as memórias de Marlene e utiliza-se de canções interpretadas pela diva para ilustrar seu relato. São canções como Ne me quittes pas de Jacques Brel, Where have all the flowers gone de Pete Seeger, Falling in love again do Anjo Azul, La Vie en Rose, Lili Marlene de Hans Lipe e The Laziest Gal in Town de Cole Porter.
José Mauro Brant é o jovem que Marlene seduz com sua vivência. Marciah Luna Cabral e Silvio Ferrari desdobram-se em vários personagens, dando vida às memórias da atriz – sua relação destemida com amores e família, os produtores e diretores de cinema e teatro, os números musicais dos filmes, peças e shows e cantam canções como Sous le ciel de Paris de Maurice Chevalier, Les feuilles mortes de Jacques Prevert, Je ne regrettes rien.
As grandes canções do repertório de Dietrich são cantadas em inglês, alemão, francês, e até em português.
Horários
Sexta e Sábado às 21h00, Domingo às 19h00