A exposição retrata um amplo período da história da arte brasileira – desde a década de 1940 até os dias atuais. “A palavra sempre está presente na obra, mesmo que seja no título, para somar outros sentidos e possibilitar outras leituras”, explica a curadora. Isso pode ocorrer também a partir de uma interferência poética, na crítica ferrenha ao status quo, na criação de uma grafia própria e indecifrável que instiga o observador ou nos textos que ampliam o sentido da obra.
“A palavra é usada também como forma de registrar a presença dessas obras na coleção. As obras penduradas em painéis de acrílico têm a função de exibir o seu verso com as inscrições originais feitas pelo artista que codificam as informações sobre a obra”, explica Laura.
Arte Postal
No conjunto de obras do acervo apresentadas na exposição haverá ainda um núcleo de arte postal das décadas de 1970 e 1980 de artistas atuantes durante a ditadura, além de obras mais recentes puramente textuais ou nas quais a linguagem e a comunicação são parte fundamental no processo artístico.
Grande parte dos trabalhos expostos foram enviados (por correio) ou doados pelos artistas ao MAB FAAP por ocasião da exposição “Arte Novos Meios/Multimeios – Brasil 70/80”, realizada em 1985 pela curadora e docente Daisy Peccinini.
Também chamada de Mail Art ou Arte Correio, a prática artística internacional ganhou projeção entre as décadas de 1970 e 1980 no Brasil, quando diversos artistas passaram a se valer dos correios e outros sistemas de circulação em seus trabalhos. “Enviadas para todo o mundo, por vezes ganhando intervenções a cada novo destinatário e por outras retornando ao seu próprio remetente, as obras criaram uma rede comunicativa de informações e afetos entre seus autores”, finaliza a curadora.