Na tentativa de coletar dados sobre os efeitos do isolamento a longo prazo, 15 voluntários passarão 40 dias em uma caverna em Ariège, no sul da França. Ao todo, oito homens e sete mulheres ficarão isolados, sem telefones, relógios ou qualquer tipo de dispositivo que os auxilie a ter uma noção do tempo.

 

Intitulado como Deep Time, o experimento é fruto do cérebro do explorador franco-suíço Christian Clot – que também é um dos participantes. A experiência de “vida atemporal” começou ontem, 15/03. Para se manter em segurança dentro do interior das montanhas dos Pirenéus, os participantes serão monitorados por uma dúzia de cientistas, os quais contarão com a ajuda de equipamentos com sensores.

 

“Este é um experimento inédito no mundo”, disse o professor Etienne Koechlin, diretor do Laboratório de Neurociências Cognitivas e Computacionais da Ecole Normale Supérieure em Paris. “Até agora, todas as missões deste tipo centraram-se nos ritmos fisiológicos do corpo, mas nunca no impacto que uma ruptura temporal pode ocasionar às funções cognitivas e emocionais do ser humano”.

 

O experimento

Completamente privados de luz natural e do uso de aparelhos onipresentes, como, por exemplo, telefones ou relógios, os 15 voluntários, ao longo do experimento, precisarão se adaptar à uma constante temperatura de 12 graus Celsius, bem como a umidade do interior da caverna, que gira em torno de 95%. Os participantes, além disso, precisarão também gerar sua própria eletricidade – usando um sistema de pedalinho -, assim como retirar água de uma profundidade de 45 metros.

 

“Perder tempo é a maior desorientação que existe, e é esse aspecto que a missão Deep Time quer entender melhor”, diz o site oficial de divulgação do experimento. “Durante certos momentos da vida, nossa percepção do tempo altera. Dependendo da experiência que vivemos, o tempo parece passar muito devagar ou muito rápido. Mas o que acontece depois? Como encontrar novamente a noção do tempo? Quais são as conexões entre o tempo cognitivo e biológico, entre o cérebro e as células genéticas? Qual é a relação entre o tempo percebido e o tempo normativo, de nossos relógios? Como nosso cérebro vê o tempo?”.

 

Respostas

Para responder algumas dessas perguntas, os participantes, como dissemos, serão constantemente monitorados por uma equipe de profissionais. Christian Clot, o fundador do Human Adaptation Institute, uma organização sem fins lucrativos, decidiu realizar o experimento quando a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus impôs as medidas de isolamento e de distanciamento social.

 

“Fomos obrigados a passar longos períodos isolados, apesar de não ter ideia de como isso afetaria nossas vidas a curto ou longo prazo. E foi exatamente por isso que decidi criar o experimento”, revelou Clot.

 

Arnaud Burel, um biólogo de 29 anos e um dos voluntários que está participando do Deep Time, disse que concordou em fazer parte do projeto por conta de um simples desejo: “Quero saborear esta vida atemporal, que faz ser impossível ficarmos longe de nossos computadores e telefones celulares, mecanismos estes que nos lembram constantemente nossos compromissos e obrigações”.

 

“Sei que passar 40 dias em uma caverna com 14 estranhos não será fácil, mas nada nessa vida é fácil, não é verdade?”.

 

Fonte: Fatos Desconhecidos.


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