A ativista pela educação Malala Yousafzai, que aos 17 anos ganhou um prêmio Nobel da Paz, formou-se recentemente em filosofia, política e economia pela Universidade de Oxford, aos 23 anos. Em entrevista exlcusiva à BBC News Brasil, a paquistanesa se demonstrou preocupada com a educação no país e defendeu o Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), que estava sofrendo uma espécie de boicote por Jair Bolsonaro.
“O Fundeb é fundamental para assegurar um futuro em que todas as meninas brasileiras possam ir à escola, não importa onde vivam“, disse a ativista sobre o projeto, que anualmente distribui R$ 150 bilhões em verbas para escolas e professores da rede pública, desde a creche até o ensino médio. Ele tem o intuito de diminuir as desigualdades sociais e de gênero, e facilitar o acesso de todos, principalmente dos menos privilegiados, a uma educação de qualidade. O presidente queria renovar o Fundeb apenas em 2022, sendo que ele poderia ser cancelado caso a renovação não acontecesse até 31 de dezembro deste ano.
Malala ficou sabendo sobre o fundo durante sua passagem pelo Brasil em 2018, quando conversou com brasileiras. Elas, em parceria com ativistas do Fundo Malala, se reuniram no Congresso Nacional para discutir temas relacionados à educação e chamaram a atenção para o Fundeb. “Ele significa professores mais preparados, material escolar atualizado, menos escolas superlotadas, mais oportunidades para que estudantes tenham acesso à tecnologia e um futuro melhor”, disse a economista. Para a paquistanesa, não pode haver meritocracia sem um acesso igualitário à educação.
Por questões socioculturais e econômicas, as meninas são as mais afetadas pela falta de escolaridade, tendo muitas vezes que exercer o trabalho doméstico quando deveriam estar estudando. “Mais de 1,5 milhão de meninas estão fora da escola no Brasil. Meninas negras e indígenas estão entre as que têm menos chances de completar 12 anos de educação, por causa da pobreza, do racismo e de outras barreiras sociais”, salienta.
Com o Fundo Malala, a ativista investe na educação de alguns países, incluindo o Brasil, desde 2013, quando a ONG foi criada pelo pai da jovem, Ziauddin Yousafzai. O maior desejo da vencedora do Nobel da Paz é conseguir educação gratuita e de qualidade para as meninas que hoje não possuem esse direito que, erroneamente, é visto como privilégio.
Fonte: Capricho
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