Ingerir os medicamentos para pressão alta antes de dormir parece reduzir o risco de eventos cardiovasculares, como infarto e derrame
Tomar o remédio para pressão alta à noite, logo antes de ir para a cama, pode evitar problemas cardiovasculares graves, a exemplo de infarto e AVC. É o que aponta um estudo espanhol feito com quase 20 mil hipertensos, publicado recentemente no periódico European Heart Journal, da Sociedade Europeia de Cardiologia.
Os participantes foram divididos em dois grupos: metade engolia os comprimidos contra hipertensão na hora de deitar e a outra, ao acordar. Após acompanhar essa turma toda por uma média de seis anos — monitorando a pressão de tempos em tempos —, vieram os resultados:
Voluntários que ingeriam o medicamento à noite possuíam um risco 45% menor de sofrerem ou morrerem de distúrbios cardiovasculares em geral
A probabilidade de morte por AVC ao longo do estudo caiu 49%. O mesmo aconteceu para infarto (44%) e insuficiência cardíaca (42%)
O que está por trás dos resultados?
Nesse levantamento — o mais robusto feito sobre o impacto do timing no tratamento da hipertensão — quem recebia o medicamento antes de ir pra cama tinha uma pressão arterial mais controlada, especialmente durante o sono. Pois resultados anteriores da mesma iniciativa, que se chama Hygia Chronotherapy Trial, indicam que um dos marcadores de risco cardiovascular mais importantes do paciente com essa doença é sua pressão arterial média enquanto dorme.
Isso porque, em um organismo saudável, a pressão deveria baixar naturalmente no período noturno. Logo, uma alta constante na madrugada traria um perigo adicional de panes.
Outra hipótese aventada pelos pesquisadores é a de que o ciclo circadiano, o nosso relógio biológico, exerça alguma influência no processamento dos fármacos pelo organismo.
Atualmente, o horário do remédio não é incluído nas diretrizes para cardiologistas. “A ingestão matinal é a recomendação mais comum dos médicos, baseada num objetivo incorreto de reduzir os níveis matinais de pressão”, declarou, em comunicado à imprensa, Ramón C. Hermida, diretor do laboratório de cronobiologia da Universidade de Vigo, na Espanha, e um dos autores do trabalho.
A pesquisa também mostrou que outros parâmetros que interferem na saúde das artérias foram controlados com mais eficácia ao engolir as pílulas à noite. Os níveis de LDL, chamado de colesterol “ruim”, e de creatinina, molécula que acusa falhas nos rins, ficaram menores. Já as taxas de HDL, o colesterol bom, subiram.
Limitações do estudo
Os achados indicam uma estratégia simples e gratuita para controlar a pressão, mas os autores não recomendam trocar o remédio por conta própria.
Apesar de promissor, o experimento não dividiu por igual as classes medicamentosas utilizadas, então fica difícil saber exatamente qual opção funciona melhor antes de deitar.
Fora isso, falta confirmar essa benesse em outros grupos étnicos. Ora, os cientistas se concentraram basicamente em espanhóis caucasianos.
Fonte: Saúde Abril.
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