Continuam a surgir evidências de que os neandertais, que viveram na Europa e na Ásia até cerca de 40 mil anos atrás, eram mais sofisticados do que se pensava. Um novo estudo conduzido por especialistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou que esses hominídeos eram bem criteriosos quando o assunto era o desenvolvimento de ferramentas.
A conclusão surgiu após a equipe analisar exemplares de lissoir (ferramenta utilizada pelos neandertais para trabalhar o couro) encontrados no sul da França. As descobertas foram compartilhadas pelos pesquisadores em um artigo publicado na última sexta-feira (08) no Scientific Reports.
De acordo com os estudiosos, outros fósseis encontrados na região indicam que as renas eram animais comuns por alí, mas, ainda assim, os ossos usados para fabricar os lissoirs são provenientes de animais “raros” da família dos bovinos, como bisões e auroques. Como explicam os cientistas, isso sugere que os neandertais tinham preferência por um material em relação ao outro na hora de criar suas ferramentas.
Naomi Martisius, uma das pesquisadoras, explica que as costelas bovinas eram utilizadas na fabricação de lissoirs provavelmente porque são maiores e mais rígidas que os ossos das renas, o que torna o material mais resistente e duradouro. “Os neandertais sabiam que, para uma tarefa específica, precisavam de uma ferramenta muito particular. Eles descobriram o que funcionava melhor e utilizavam [o material] quando estava disponível”, afirmou a especialista em comunicado.
Para ela, a descoberta prova que os neandertais “sabiam o que estavam fazendo” durante a fabricação de ferramentas. “Eles escolhiam deliberadamente essas costelas maiores quando encontravam esses animais enquanto caçavam”, comentou. “[Esses hominídeos] podem até ter guardado esses objetos por muito tempo, como [alguém] faria com sua chave de fenda favorita.”
Fonte: Revista Galileu
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