De acordo com a lenda, Santa Verônica de Jerusalém foi uma matrona que limpou com o próprio véu o rosto de Jesus Cristo após ele lhe endereçar um lamento durante o trajeto até o Monte do Calvário, onde foi crucificado após uma jornada sangrenta de sofrimento. Como gesto de sua bondade, Cristo teria deixado uma marca do seu rosto no véu.

 

Não existe nenhuma referência a uma mulher com esse nome nos Evangelhos Canônicos do Novo Testamento. Contudo, o nome Verônica consta na peça apócrifa Atos de Pilatos, também chamada de Evangelho de Nicodemos, que acredita-se tratar dos registros escritos durante o governo do próprio Pôncio Pilatos, o governador da Judeia e responsável pela crucificação de Jesus.

 

Devido às irregularidades estruturais desses escritos, como se tivesse sido desenvolvido por mais de uma pessoa, os estudiosos passaram a questionar a veracidade dos documentos.

 

A origem de um nome

 

No capítulo VII de Atos de Pilatos é narrada a história de uma mulher que foi curada de uma doença sangrenta que a acometia há 12 anos (presume-se que era hemorragia). Assim que ela tocou a bainha das vestes de Jesus Cristo, logo se realizou o que ficou conhecido como o Exorcismo de Gérasa. Essa mulher se chamava Bernice, um nome macedônio que significa portadora da vitória — ou do grego Berenice, que significa ter vitória. Na obra apócrifa, consta que em latim o nome Bernice seria Veronica (sem acento), cuja origem é da expressão vera icon, ou seja, imagem verdadeira.

 

A conexão que chegou mais perto da estabelecida com a Verônica que enxugou o rosto de Jesus foi encontrada apenas no ano 680 em vários manuscritos que foram adicionados como apêndice aos Atos de Pilatos. Em uma das passagens, chamada A Cura de Tibério, que se refere ao imperador romano, Verônica teria recebido do próprio Cristo um autorretrato feito em um tecido, o qual ela teria usado para curar o imperador.

 

Por anos, o Véu de Verônica foi considerado a primeira, única e verdadeira representação de Jesus Cristo antes de o Sudário de Turim aparecer. Embora algumas noções que seguram a história tenham se perdido ao longo do caminho, os estudiosos acreditam que as duas mulheres são a mesma pessoa.

 

A polêmica do Véu

 

Os problemas na história que segue a linha do tempo do Véu de Verônica continuaram, mas com relação ao seu paradeiro. Durante longos anos, acreditava-se que o Sudário estava abrigado na antiga Basílica de São Pedro durante o papado de João VII (entre 705 e 708), pois até uma capela foi erguida na época com o nome da santa para reservar a relíquia. No entanto, não havia nenhuma referência estética nos vitrais que decoravam o local, o que era algo incomum para a época.

 

Registros de que o Véu de fato estava ali só surgiram por volta de 1199, quando Gervásio de Tilbury mencionou Santa Verônica e o artefato milagroso em seu trabalho enciclopédico chamado Otia Imperialia. O público tomou conhecimento apenas pelo Papa Inocêncio III, que concedeu indulgências a todos aqueles que rezassem diante da imagem de Santa Verônica. Na época, ela foi adicionada ao evento quaresmal chamado As Estações da Cruz.

 

Apenas em 1297, a relíquia foi apresentada no Jubileu e proclamada como uma das maravilhas da cidade, arrastando milhares de peregrinos até Roma. Durante 200 anos, o Véu de Verônica ficou na Basílica de São Pedro e foi considerado a mais preciosa de todas as relíquias cristãs.

 

Após o marcante Saque de Roma, em 1527, alguns acreditaram que o Sudário teria sido destruído, enquanto outros especularam sobre a possibilidade de estar passando de mão em mão nas tavernas da cidade. Os mais céticos preferiram acreditar que o artefato continuava no Vaticano, inclusive sob a afirmação de uma testemunha que alegou que os ladrões não o encontraram a tempo.

 

Por conta disso, vários artistas começaram a criar reproduções do Véu de Verônica em todo o mundo, até que o Papa Paulo V, em 1616, proibiu as cópias, à exceção daquelas produzidas pelos clérigos da Basílica de São Pedro. Em 1629, o Papa Urbano VIII ordenou a destruição de todas as obras existentes e definiu que aqueles que as possuíam deveriam levá-las até o Vaticano, sob ameaça de excomunhão.

 

A segunda relíquia?

 

Em meados de 1999, o professor de História da Arte da Pontifícia Universidade Gregoriana, Heinrich Pfeiffer, anunciou em uma coletiva de imprensa em Roma que havia encontrado o Véu de Verônica em um mosteiro capuchinho localizado no vilarejo de Manoppello, uma comuna da Itália. Segundo o homem, a relíquia estaria lá desde meados de 1500, quando um viajante anônimo a levou embrulhada em um pacote e a deu a um doutor chamado Giacomo Antonio Leonelli, que estava sentado em um banco em frente à igreja local. O artefato teria permanecido na família Leonelli até 1608, quando foi dado aos capuchinhos.

 

Em 2006, o Papa Bento XVI se dirigiu ao vilarejo. Segundo os especialistas que examinaram a relíquia, a imagem no Véu aparece de forma idêntica nos dois lados do tecido, o que é declarado impossível com os recursos da época. Segundo o historiador Paul Badde, a imagem não foi pintada, pois se trata de uma fibra muito rara, chamada byssus, sobre a qual ninguém conseguiu pintar.

 

O Papa Bento XVI, contudo, apenas abençoou a relíquia, sem dar qualquer declaração a respeito de sua veracidade, tampouco se é uma cópia da apresentada há 400 anos na Basílica de São Pedro em todo quinto domingo da Quaresma, o Domingo da Paixão.

 

O Véu de Verônica do Vaticano sequer é visto pelos fiéis. Ele fica em uma capela atrás da sacada sudoeste da cúpula, em uma moldura. A única pessoa que chegou perto o suficiente para enxergar detalhes foi o historiador Joseph Wilpert, que recebeu permissão para remover as duas camadas de vidro e inspecionar a imagem. Segundo ele, “se trata de um pedaço de um material levemente colorido, um pouco desbotado por causa da idade, com duas leves manchas de marrom-ferrugem ligadas entre si”.

 

Isso é tudo o que o mundo sabe sobre o Véu de Verônica.

 

Fonte: Mega Curioso


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