Com a expansão da epidemia do novo coronavírus no Brasil e a determinação do fechamento de estabelecimentos de serviços não essenciais em diversas cidades brasileiras, as escolas e universidades, públicas e privadas, fecharam as suas portas e tiveram que, de forma quase forçada, iniciar um novo método de ensino: o EAD (Ensino à Distância).
A legislação atual não permite aulas à distância na educação infantil e no ensino fundamental (do 1º ao 9º ano), sendo permitida a modalidade apenas para até 30% da carga horária do ensino médio em cursos noturnos e 20% nos diurnos, além de 40% da carga horária de cursos presenciais de ensino superior. No entanto, no dia 16 de março, o Ministério da Educação (MEC) autorizou por 30 dias o EAD para todas as etapas, podendo ser prorrogado pelo tempo que durar a situação de emergência de saúde pública.
No entanto, a nova realidade pode ser um grande desafio para os professores que não estão totalmente capacitados para as aulas à distância. A adaptação aos recursos e ferramentas tecnológicas, o acesso a Internet de qualidade, o engajamento e garantia da participação efetiva dos alunos na modalidade, com aulas e conteúdos que prendam a atenção do estudante, são alguns dos principais obstáculos a serem enfrentados pelos profissionais.
É por isso que a capacitação de professores e educadores para o universo digital é urgente neste momento. Algumas iniciativas estão surgindo nesse sentido. É o caso da Teacherflix, plataforma de streaming voltada para a formação de professores por meio de aulas em vídeo, texto, podcast, animação e infografia, que liberou a assinatura gratuita até o fim da atual crise.
Com um funcionamento bem parecido com a Netflix, a plataforma apresenta mais de 60 cursos voltados para docentes e também para alunos de pedagogia e licenciatura que queiram aprimorar seus conhecimentos.
“Trabalhamos com quatro principais eixos: didática, que trabalha exatamente como dar aula; metodologia, que trata sobre como o profissional pode utilizar recursos e ferramentas para gerar aprendizado; avaliação, que trata da avaliação formativa, diagnóstica, contínua, somativa e por competências; e a tecnologia educacional, que auxilia a como usar tecnologia em aprendizagem online para engajar estudantes”, explica Juliano Costa, vice-presidente de produtos da Pearson, empresa de aprendizagem que é dona da Teacherflix, a CLAUDIA.
Cada uma dessas linhas de estudo possuem uma série de cursos que são apresentados ao assinante, por meio de inteligência artificial, de acordo com o interesse dele. São conteúdos que podem ser utilizados tanto em aulas presenciais, quanto em aulas digitais, de acordo com a especificidade. No final, o educador ou estudante recebe, ainda, uma certificação válida em 70 países.
Além da pandemia, a preocupação é com o futuro
Apesar da urgência que a crise do coronavírus trouxe para as escolas e universidade de disponibilizar aulas em EAD para os alunos, a necessidade de capacitar cada vez mais os profissionais e educadores para essa realidade é também uma responsabilidade importante para o futuro.
“Ensinar a como usar redes sociais e apps de mensagem, como WhatsApp, Messenger e Telegram, para o ensino-aprendizagem é olhar para frente”, argumenta Costa. “É preciso sempre buscar o que há de mais moderno. Para o professor que já está na prática, ele vai receber inovação, o futuro e os tópicos quentes em educação. Para o aluno, que está estudando agora os fundamentos da educação no Brasil, ele complementa esses ensinos com o que há de mais atual.”
Costa ainda opina que, pelo fato de o EAD ter sido, até então, proibido por lei para o ensino fundamental e educação básica, as escolas não investiam na modalidade, o que ocasionou, agora, na dificuldade que os professores estão tendo para se adaptar às aulas online. Agora, é preciso enxergar esse momento como uma oportunidade para fazer mudanças futuras na educação brasileira.
“As famílias, alunos, professores e gestores estão descobrindo que existe um mundo educacional online que é possível, algo que em outros países já é muito comum”, afirma. “Ferramentas de vídeo-conferência e de aulas virtuais entrarão no nosso cotidiano, pelo menos por alguns meses, e todos estão se preparando para isso. Quando acabar essa situação que vivemos, ficará um patrimônio de infraestrutura e tecnologias que vamos continuar usando e vamos incorporá-los em nosso dia a dia”, completa Costa.
Para o empresário, ao capacitar educadores para essa nova realidade, o Brasil estará adquirindo novas experiências para a educação. “Nós estamos otimistas em relação ao mundo pós-coronavírus”, reitera.
Os educadores querem ser capacitados
Os números da Teacherflix talvez sejam uma forma de pensar que os professores e educadores em geral estão preocupados em receber a capacitação ideal para aperfeiçoarem suas aulas em EAD.
Segundo costa, a plataforma recebe mais de 2.500 novos usuários por dia, o triplo do que eles recebiam antes de liberarem a assinatura e das aulas à distância se tornarem uma realidade temporária em quase todo o país. Além disso, a taxa de finalização, ou seja, o número de usuários que chegam ao final de, pelo menos, um curso, dobrou, passando de 40% para 80%.
“As pessoas precisam terminar o curso, porque vai ajudar demais nesse momento. Nós temos percebido isso pelo feedback dos educadores. Eles têm a necessidade de mergulhar nessa nova realidade, para poder sair dessa crise com mais conhecimentos em sua atuação”, finaliza Costa.
O próximo desafio, talvez, é fazer com que todos os profissionais da educação tenham acesso a esses recursos, assim como os estudantes. Sabemos que a realidade é muito diferente para as classes sociais menos abastadas, mas, para aqueles que ainda têm condições de seguir estudando e se profissionalizando, é necessária a exigência de um EAD de qualidade que atenda à demanda tanto dos alunos, quanto dos professores.
Fonte: Claudia.
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