Há muito que médicos e cientistas tentam entender o que são as Experiências de Quase Morte (EQMs) e por que elas são descritas como “felizes” ou “pacíficas”. A morte é assim tão doce? É isso que o neurocientista e cientista-chefe do Instituto Allen de Ciência do Cérebro, Christof Koch, quer descobrir. Para ele, a felicidade e a paz que pacientes experimentam frente à morte iminente tem uma resposta na biologia – ainda não se sabe qual.

 

“Aceito a realidade dessas experiências intensamente sentidas. Como cientista, porém, sei que todos os nossos pensamentos, memórias, percepções e experiências são consequência inelutável da natureza do nosso cérebro, e não de qualquer agente sobrenatural. Por que a mente interpreta a luta para viver como positiva e feliz, em vez de indutora de pânico, permanece um mistério”, escreveu ele em um artigo na revista Scientific American.

 

Segundo Koch, um em cada dez pacientes com parada cardíaca em ambiente hospitalar passa pela EQM, relatando ao acordar que flutuaram pela sala e voaram além, ou ainda caminharam em direção a uma luz brilhante (mas nem todos os relatos são felizes; segundo Koch, “alguns podem ser assustadores, marcados por intenso terror, angústia, solidão e desespero’”).

 

Neurônios silenciam para poupar recursos

 

O processo por que passa nosso cérebro quando estamos morrendo é quimicamente angustiante. Quando o coração para, o cérebro deixa de receber oxigênio. Os neurônios, então, tentam impedir a inevitável morte que se aproxima, mesmo que o sistema que gera suas cargas elétrica fique cada vez mais difícil de ser mantido.

 

Sem oxigênio, os neurônios tentam a última cartada para evitar morrer. Como enviar sinais entre eles, como normalmente ocorre, torna-se um desperdício de recursos, então eles se “calam” e usam suas reservas de energia para manter suas cargas elétricas internas, esperando o retorno de um fluxo de sangue que nunca virá.

 

Ocorre então o que os neurocientistas chamam de “tsunami cerebral”, quando o equilíbrio eletroquímico que mantém as células vivas entra em colapso e há grande liberação de calor, levando à destruição das células. A atividade elétrica silencia em todo o cérebro e a morte chega.

 

Desligamento do cérebro

 

“Quando o coração para de bater, paciente não morreu, porque existe a ressuscitação cardiopulmonar. A morte moderna requer perda irreversível da função cerebral”, diz Koch. Como uma cidade que fica sem luz um bairro por vez, as regiões do cérebro vão silenciando uma após a outra.

 

“A mente, com a energia que os neurônios ainda conseguem gerar, faz o que sempre faz: conta uma história moldada pela experiência, memória e expectativas culturais da pessoa”, escreveu o neurocientista.

 

EQM provocada

 

Não apenas pacientes em hospitais tiveram EQM: pilotos de teste da Força Aérea Americana e astronautas da NASA também foram afetados.

 

Após desmaiarem ao treinar em simuladores de alta gravidade, eles relataram o que Koch chamou de “uma leve EQM”: visão de túnel e luzes brilhantes, sensação de flutuação pacífica, experiências extracorpóreas, sensações de prazer e até euforia etc.

 

“Neurocirurgiões são capazes de induzir sentimentos de êxtase ao estimular eletricamente uma parte do córtex em pacientes epiléticos com eletrodos implantados no cérebro.” O resultado é semelhante à EQM: em geral, felicidade e experiências extracorpóreas.

 

Segundo Koch, “esse vínculo entre padrões de atividade induzidos por um médico e a experiência vivida de quase morte fornece suporte para uma origem biológica, e não espiritual, das EQMs”.

 

Fonte: Mega Curioso.


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