A gente sempre fala sobre a luta das pessoas com deficiência em busca de uma sociedade com menos preconceito e mais inclusão. Essa luta é contínua e envolve vários atores diferentes, mas em setembro ela tem um valor especial para a comunidade surda.
O mês de setembro é marcado por diversos eventos da comunidade surda. Eles são voltados para a conscientização sobre a acessibilidade e a comemoração das conquistas obtidas ao longo dos anos. É comum encontrar vários espetáculos culturais acessíveis sobre a surdez nessa época do ano, além de congressos sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e homenagens. Há também um reforço da luta por mais escolas bilíngues, nas quais alunos surdos e ouvintes possam aprender e crescer juntos.
Por conta de tudo isso, setembro é considerado o mês dos surdos e é conhecido pela comunidade como Setembro Azul. A razão do azul ser a cor-símbolo tem raiz em um passado triste, mas serve como força propulsora para mudanças! Vamos conhecer um pouco mais sobre essa história?
Por que Setembro?
A escolha do mês de setembro para esse movimento não foi feita por acaso. O mês tem datas importantes para a comunidade surda, sejam elas lembranças das perdas do passado ou celebrações das conquistas:
- 6/09 e 11/09: lembram o Congresso de Milão de 1880, no qual foi proibido o uso das Línguas de Sinais na educação dos surdos. Esse marco fez com que os surdos tivessem que se adaptar às línguas orais até que as línguas de sinais fossem novamente aceitas
- 10/09: Dia Mundial das Línguas de Sinais. No Brasil, a data estimula a discussão da falta de acessibilidade em Libras tanto nos ambientes físicos quanto nos ambientes virtuais.
- 26/09: Dia Nacional do Surdo. O dia foi escolhido por ser a data de fundação do INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos), a primeira escola para surdos do Brasil!
- 30/09: celebra o Dia do Tradutor, no qual são feitas várias homenagens aos Intérpretes de Libras.
Por que Azul?
Da mesma forma, a cor azul representa dois momentos distintos. Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas identificavam as pessoas com deficiência com uma faixa azul no braço, por considerá-las inferiores. E os surdos também eram obrigados a usá-la. Com o fim da guerra e o passar dos anos, a cor passou a simbolizar ao mesmo tempo a opressão enfrentada pelos surdos e o orgulho da identidade surda. Afinal de contas, apesar dos grandes problemas do passado e das barreiras atuais, a identidade surda continua forte como nunca!
Essa ressignificação do azul ficou marcada na Cerimônia da Fita Azul (Blue Ribbon Ceremony) em 1999, que lembrava os surdos que foram vítimas da opressão. Nela, o Dr. Patty Ladd (surdo) usou uma fita azul no braço pela primeira vez como símbolo do movimento. Hoje, a cor azul turquesa é usada, por ser uma cor viva e vibrante, que representa a riqueza cultural de uma comunidade que brilha com orgulho!
A gente não pode ficar parado
A gente sabe que essa luta não cabe em um mês só. Todos os dias os surdos enfrentam situações diferentes de exclusão e preconceito, passando despercebidos pelos ouvintes como se fossem invisíveis. E é aí que está a chave da questão: a deficiência não está na surdez, mas em quem se recusa a escutar a voz dos surdos.
A deficiência está nas escolas – que não contratam intérpretes de Libras para seus alunos – e nas universidades, que não disponibilizam as aulas online em formato acessível. A deficiência está nas empresas, que evitam contratar surdos por conta das dificuldades de comunicação e não cumprem a Lei de Cotas. A deficiência está nos sites da internet, que estão offline para a comunidade surda por só estarem disponíveis em português. A deficiência está tudo o que a gente faz que impede as pessoas surdas de aprenderem, consumirem e se divertirem.
Quebrar as barreiras da acessibilidade exige que a gente quebre os nossos preconceitos e se aproxime mais da comunidade surda. A gente só vai acabar com esse paradigma de exclusão quando nos mexermos e formos atrás de mais informação. Quando ouvirmos a voz dos surdos.
Setembro pode ser o mês dos surdos, mas a responsabilidade de fazer uma sociedade mais inclusiva todos os dias é de todo mundo! Bora fazer a diferença?!
Fonte: HandTalk.
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