O polo norte de Saturno é um lugar peculiar onde algumas nuvens do planeta se organizam formando um padrão hexagonal. Recentemente uma equipe da Universidade do País Basco, na Espanha, começou a desvendar alguns dos mistérios que circundam o fenômeno. Eles fizeram isso graças à combinação de dados enviados pela sonda Cassini e pelo Telescópio Espacial Hubble.
Os astrônomos publicaram um artigo sobre o estudo na Nature Communications no início de maio. Segundo eles, a camada de nuvens que forma o hexágono tem 130 quilômetros de espessura e é composta por partículas minúsculas — possivelmente gelo de hidrocarboneto.
“As imagens da Cassini nos permitiram descobrir que, como se formasse um sanduíche, o hexágono possui um sistema de várias camadas de pelo menos sete [tipos de] névoas que se estendem do cume de suas nuvens a uma altitude de mais de 300 km acima delas”, afirmou Agustín Sánchez-Lavega, líder da pesquisa, em comunicado.
A extensão vertical de cada camada de neblina tem entre 7 e 18 km de espessura, e a composição química delas é exótica para nós, terráqueos. Como explicam os cientistas, por conta das baixas temperaturas na atmosfera de Saturno, que variam entre 120 °C e 180 °C negativos, as nuvens podem ter cristalitos de gelo de hidrocarbonetos, como acetileno, propino, propano, diacetileno ou até mesmo butano.
“Outros mundos frios, como o satélite de Saturno, Titã ou o planeta anão Plutão, também têm camadas de neblina, mas não em número tão grande nem regularmente espaçados”, observou Sánchez-Lavega.
Além disso, os astrônomos acreditam que o hexágono se formou devido à existência de ondas de gravidade — fenômeno formado pela interação de um fluido com a força da gravidade, como as ondas do oceano. A equipe sugere que as diferenças de densidade e temperatura e a dinâmica entre o hexágono e alguns jatos emitidos pelo planeta ao redor do polo produzam ondas de gravidade horizontais que permitam a propagação vertical dessas ondas de gravidade, formando as camadas de nuvens.
Fonte: Revista Galileu.
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