10. Bacurau
Esse filme com certeza é o filme do ano. Com sua fábula distópica de um futuro no qual partes do Brasil se tornam territórios de caça de países desenvolvidos, Bacurau levantou enorme polêmica simplesmente pelo fato de ter colocado em pauta a resistência popular. Ao contestar a “índole pacífica do povo brasileiro”, como dizem os políticos, tal hipótese, ainda que ficcional, despertou a ira de bem-pensantes patrícios.
9. Vida Invisível
O longa aborda a questão feminina através da história de duas irmãs que não conseguem realizar suas potencialidades, vítimas do machismo brasileiro no Rio dos anos 1950. Baseado no livro de Martha Batalha, o filme foi indicado pelo Brasil para concorrer a uma das vagas do Oscar, mas infelizmente não chegou lá. Isso em nada o diminui. É de uma beleza terna e de uma tristeza infinita. E ainda tem 15 minutos de Fernanda Montenegro arrasando no final.
8. Democracia em Vertigem
A produção documental também bombou. Entre dezenas de lançamentos, Democracia em Vertigem, de Petra Costa, está indicado ao Oscar 2020 na categoria melhor documentário. É uma leitura pessoal, do ponto de vista de alguém ligado à esquerda, de todo o processo que começou com as manifestações em 2013, desestabilizou governos, levou ao impeachment de Dilma e à prisão de Lula.
7. Torre das Donzelas
O documentário de Susanna Lira relaciona-se com o tema, abordando o tempo da ditadura através de memórias de presas políticas.
6. Estou me Guardando pra Quando o Carnaval Chegar
O filme de Marcelo Gomes mostra uma faceta oculta do “empreendedorismo” à brasileira. Os habitantes de Toritama, no interior de Pernambuco, ralam o ano inteiro na fabricação de jeans, em condições insalubres e inumanas, e tiram uma folga para o carnaval, quando vendem tudo e vão à praia se divertir alguns dias. A Quarta-Feira de Cinzas assinala o início de novo ciclo.
5. Divino Amor
Outro filme pernambucano, Divino Amor, projeta uma distopia brasileira para daqui a poucos anos. Desta vez, na imaginação de Gabriel Mascaro, temos uma república evangélica na qual o culto à Bíblia e à carne se equivalem. Uma crítica ao fanatismo religioso.
4. Temporada
O intimismo político do belo filme mineiro Temporada, de André Novais Oliveira. Domingo, de Felipe Barbosa, criativa história de uma reunião de família no dia em que Lula venceu a eleição. A pegada forte de Mormaço, de Marina Meliande, e a história da expulsão de moradores para a Olimpíada no Rio.
3. Estômago
Raimundo Nonato, é o protagonista nessa história, vindo do interior, ele chega na capital para tentar mudar a sorte e melhorar de vida. O diretor aborda dois grandes problemas da sociedade brasileira, a migração de pessoas que saem do interior e vão para a cidade grande, e a precariedade do sistema penitenciário brasileiro.
2. Marighella
O filme ocorre em 1969. Marighella não teve tempo pra ter medo. De um lado, uma violenta ditadura militar. Do outro, uma esquerda intimidada. Cercado por guerrilheiros 30 anos mais novos e dispostos a reagir, o líder revolucionário escolheu a ação. Em “Marighella”, filme dirigido por Wagner Moura, o inimigo número 1 do Brasil tenta articular uma frente de resistência enquanto denuncia o horror da tortura e a infâmia da censura instalados por um regime opressor.
1. Deslembro
Joana é uma adolescente que se alimenta de literatura e rock. Ela mora em Paris com a família, quando a anistia é decretada no Brasil. De um dia para o outro, e a sua revelia, organiza-se a volta para o país do qual mal se lembra. No Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e onde seu pai desapareceu nos porões do DOPS, seu passado ressurge. Nem tudo é real, nem tudo é imaginação, mas ao “lembrar”, Joana inscreve sua própria história no presente, na primeira pessoa.
Fonte: Lista 10.
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