Dois meses após reportar seu primeiro caso de Covid-19, no dia 20 de janeiro, a Coreia do Sul parece estar obtendo bons resultados na batalha contra a doença: no dia 20 de março, o país registrou apenas 87 novos casos. É muito menos do que os 909 novos casos no pico da pandemia, em 29 de fevereiro, quando a Coreia se tornou o maior foco do vírus fora da China. Agora, com a Europa se tornando o novo epicentro da crise – que ainda não parece ter atingido sua pior fase –, a nação asiática se tornou um modelo para reverter o rumo da doença. Qual é a receita?
Uma das medidas que vem se provaram eficientes é testar um número enorme de pessoas – incluindo as que não tem sintoma nenhum. O país é o que realiza mais testes em números absolutos (15 mil por dia) e é o segundo em testes por milhão de habitantes, atrás apenas de Bahrein (que é bem menos populoso). Uma das técnicas utilizadas é fazer o teste em postos de drive thru: as amostras são coletadas com o paciente no próprio carro e o resultado é enviado por mensagem de texto junto com instruções do que fazer. Tudo para evitar o contato entre pessoas em ambientes hospitalares.
A abordagem é eficiente porque permite mapear quem está com o vírus sem apresentar sintomas – o grupo dos assintomáticos é um dos importantes disseminadores da doença. Quando o resultado é positivo, essas pessoas são isoladas de outras e todos seus contatos recentes são rastreados pelo governo, para que possam ser testados e também isolados. Essa medida, combinada com o distanciamento social generalizado e voluntário, fez o país desacelerar a expansão da pandemia e “achatar a curva”.
A estratégia de testes em massa é cara e exige uma enorme organização, mas o país tem uma vantagem: enfrentou surtos parecidos de outras doenças causadas por coronavírus no passado, a SARS, em 2002, e a MERS, em 2015. Por isso, o governo coreano já possui protocolos sanitários, de prevenção e testagem bem definidos, o que dá uma força no combate ao vírus.
Outros países e territórios asiáticos, como Cingapura, Hong Kong e Taiwan têm obtido resultados igualmente positivos com estratégias parecidas. A China, onde o novo coronavírus surgiu, também parece estar vencendo a batalha – mas precisou tomar medidas bem mais drásticas, como colocar cidades inteiras em quarentena e restringir o movimento de centenas de milhões de pessoas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a abordagem coreana. “Temos uma mensagem simples para todos os países: façam testes, façam testes, façam testes”, disse o diretor da organização Tedros Adhanom Ghebreyesusem coletiva de imprensa. “Testem todos os casos suspeitos. Se eles derem positivo, coloquem em isolamento e descubram com quem eles tiveram contato e teste essas pessoas também”, recomendou.
O Brasil, por outro lado, parece estar caminhando para o caminho oposto. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até autorizou o registro de oito novos kits de testes rápidos para Covid-19, mas o governo sinalizou que apenas casos graves, com síndrome respiratória aguda, serão testados. Luiz Henrique Mandetta, Ministro da Saúde, chegou a chamar a testagem massiva de “desperdício de recursos”.
A recuperação da Coreia do Sul dá esperanças para países como Itália ou Espanha, onde os casos só aumentam exponencialmente e a crise parece estar longe de acabar. Mas mesmo assim o país não declarou vitória definitiva. Isso porque, apesar do número de novos casos diminuir, o vírus não sumiu completamente. Na verdade, grande parte dos casos identificados – mais de 5 mil ou 60% de todos os doentes do país – estão ligados a uma contaminação em massa que aconteceu na Igreja de Shincheonji na cidade de Daegu.
É por isso a estratégia de rastreamento parece ter dado tão certo. Mas novos casos sem origem definida estão despontando em outras regiões do país, incluindo na capital Seul, o que poderia levar a um ressurgimento massivo da doença. Por isso, o governo sul-coreano ainda não aliviou suas medidas de precaução e continua na batalha.
Fonte: MSN
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