Com o intuito de dar vida a um projeto ousado, a Arábia Saudita pode, em breve, construir uma cidade com 170 quilômetros de extensão. O plano, considerado por muitos como inovador, deixou boa parte dos especialistas em design urbano de boca aberta. “Horrível. Um pesadelo”, disse Emily Talen, pesquisadora de design urbano da Universidade de Chicago.

 

Até o momento, o projeto, intitulado como The Line, segue no papel. As autoridades competentes ainda estão estudando formas de viabilizar a nova cidade, principalmente porque construir um novo município requer superar inúmeros desafios.

 

“A história envolvendo a viabilização de megaprojetos não é bonita”, disse Stephen Wheeler, arquiteto paisagista e professor de design ambiental da Universidade da Califórnia. “Normalmente, esses grandes projetos não saem exatamente da maneira que os projetistas originais idealizaram e, com isso, acabam tornando-se vítimas das condições econômicas ou das ideias de outras pessoas sobre o que deveria acontecer, o que faz com que o projeto seja mais caro do que o previsto”.

 

O projeto da nova cidade

 

O projeto The Line foi divulgado via Internet e por meio de um um anúncio da Assessoria de Imprensa do príncipe saudita Mohammed bin Salman. A proposta prevê a criação de uma cidade planejada no noroeste da Arábia Saudita. A área em que se pretende estabelecer o novo município é o lar de 20.000 membros da tribo Huwaitat, que, desde a divulgação do plano já viabilizaram inúmeros protestos.

 

De acordo com a Assessoria de Imprensa do príncipe saudita, a cidade irá possuir três camadas: uma dedicada aos pedestres, com parques e espaços abertos; outra para serviços e uma para transportes de alta velocidade. A ideia envolvendo o planejamento permite que todos os novos habitantes acessem serviços diários em até 5 minutos por meio de transporte público.

 

Para alguns especialistas, essa acessibilidade é inviável. “Criar um sistema de deslocamento em meio a um município extenso é questionável”, disse Elizabeth Plater-Zyberk, professora de arquitetura da Universidade de Miami e sócia fundadora da DPZ CoDesign, uma empresa de design urbano. “Para suportar esse nível de transporte público, é preciso planejar melhor. Até porque será preciso atender toda a população”.

 

“Manter tudo isso de forma linear exige uma constante regulamentação, principalmente porque sabemos que as cidades tendem a se expandir à medida que a população cresce”, ressalta Plater-Zyberk.

 

“É por isso que os sistemas de trânsito “hub-and-spoke” tendem a ser mais comuns; eles permitem que o trânsito mantenha-se conectado, sem a necessidade da criação de uma estação central. Mesmo sendo ideias promissoras, os designers urbanos que fazem parte do projeto parecem dispensar certos conhecimentos”, pontua Plater-Zyberk.

 

“Existem muitas pessoas agora em todo o mundo que poderiam ajudar na elaboração da ideia para torná-la viável”, disse ela. “Temos dados sobre que tipo de suporte os sistemas de trânsito precisam para serem sustentáveis.”

 

Planejamento

 

A proposta saudita não é a primeira em sugerir a criação de uma cidade linear. Em 1882, o planejador urbano espanhol Arturo Soria y Mata propôs a criação da Ciudad Lineal, ou Cidade Linear, a qual teria uma ferrovia ou rodovia única e todos os prédios e outras partes da cidade construídos ao longo dessa linha. O bairro de Ciudad Lineal, em Madrid, foi construído com base nesta ideia, tanto que sua via principal tem o nome de Soria y Mata, mas a expansão da cidade não se enquadra no projeto em si.

 

Brasília, a capital do Brasil, é outro exemplo que mostra como o projeto do príncipe saudita parece ser inviável. Mesmo tendo sido planejada, Brasília foi duramente criticada por não ser considerada uma cidade habitável – por conta das distâncias existentes entre os bairros e dos longos trajetos que os cidadãos têm que percorrer diariamente.

 

Para muitos profissionais, no lugar de se construir um novo município, o ideal seria ‘consertar’ as cidades que já existem.

 

Fonte: Fatos Desconhecidos.


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