Em tempos de isolamento, milhões se uniram em mobilizações online em busca de soluções para problemas gerados pela crise

A pandemia do novo coronavírus está exigindo do mundo distanciamento e isolamento social. Milhões de pessoas seguem as recomendações sem, entretanto, deixarem de se unir em mobilizações online que visam encontrar soluções para os diversos problemas gerados pela crise global. A plataforma de petições online Change.org fez um levantamento das cinco maiores campanhas que estão engajando os brasileiros nesta época de pandemia.

 

O “top five” de petições ultrapassa o volume de 2 milhões de assinaturas. Obviamente, a crise ataca em cheio o sistema público de saúde, área que já enfrenta sérios problemas de recursos no país. A preocupação com a capacidade de o setor dar conta da ampliação de leitos de UTIs, compras de testes e de respiradores, fez com que os brasileiros logo se unissem em uma campanha pedindo a verba dos fundos eleitoral e partidário para a saúde.

 

“O dinheiro dos fundos eleitoral e partidário deve ser usado no combate ao Coronavírus!”, esta é a mobilização que mais tem engajado os brasileiros: um total de 1,3 milhões de cidadãos. O abaixo-assinado faz pressão para que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal votem e aprovem projetos de lei sobre o tema. “Chega de privilégios, precisamos que esse dinheiro seja devidamente utilizado em benefício do povo brasileiro”, diz trecho do texto da petição em relação aos 3 bilhões de reais que os dois fundos acumulam.

A pandemia também despertou o lado humano que estava adormecido em algumas pessoas. Os moradores de rua, cidadãos pouco notados, tornaram-se completamente visíveis em meio aos logradouros vazios das cidades. Diante da recomendação “fique em casa”, muitos passaram a se perguntar: “E quem não tem casa?”. Uma possibilidade de saída para esse questionamento foi levantada em uma petição lançada pelo Padre Julio Lancellotti.

 

“Prefeitura: forneça acolhida e álcool gel para os moradores de rua se protegerem do corona”, pede a campanha criada pelo padre defensor da população em situação de rua. Com quase 310 mil apoiadores reunidos em menos de um mês, o abaixo-assinado é segundo que mais tem mobilizado os brasileiros na pandemia. A Prefeitura de São Paulo se posicionou. O órgão informou ter providenciado seis novos equipamentos emergenciais para acolhimento de pessoas em situação de rua, além da instalação de pias para higienização no Centro.

Saúde ou economia? Qual é a maior preocupação da sociedade em relação ao coronavírus? Independente da resposta, é certo que todos querem ter condições de se proteger da doença sem passar necessidades financeiras. Preocupado com isso, Danilo Tomic propôs uma alternativa: “Suspensão imediata das contas de luz, água, gás e impostos por conta da Covid-19!”, lançando, então, um abaixo-assinado com o pedido.

A petição, a terceira maior hospedada na Change.org, recebeu o apoio de mais de duas centenas de milhares de pessoas. Alguns Estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, já adotaram medidas para suspender a cobrança de contas a moradores de baixa renda.

 

Pela valorização da ciência
Outro alerta trazido pelo coronavírus foi: “valorize a ciência e a pesquisa”. Neste momento, cientistas do mundo todo estão, incansáveis, correndo atrás de uma vacina ou de um medicamento que seja eficaz no combate à doença. Mas, em lugar de receberem investimentos, mestrandos e doutorandos brasileiros estão sob o risco de perder suas bolsas.

A tensão surgiu depois da divulgação de uma portaria (nº 34) publicada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), alterando os critérios de distribuição de bolsas da agência de fomento à pesquisa. Para derrubar a medida, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) lançou a campanha #NenhumaBolsaaMenos e conseguiu, até o momento, sensibilizar mais de 174 mil pessoas em torno da causa.

 

O abaixo-assinado, o quarto com o maior volume de apoiadores entre as mobilizações relacionadas à Covid-19, reforça e dá peso a outras ações movidas pela própria ANPG e pelo Ministério Público Federal (MPF), que pretendem a imediata revogação da portaria.

Aqueles que não podem parar
Ficar em casa de quarentena, em esquema de home office, é privilégio de apenas parte da sociedade. Além dos profissionais que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus, como médicos e enfermeiros, há outros trabalhadores que não podem ou não conseguem parar. Entre eles estão os entregadores de delivery, que permitem aos isolados receberem suas encomendas sem precisar sair do conforto e da segurança de suas casas.

 

O motoboy Paulo Lima pensou nele, em toda a categoria que está exposta ao risco e também na proteção de sua família quando decidiu criar uma campanha pedindo que as empresas de aplicativo forneçam proteção aos entregadores. “Estamos trabalhando largados à nossa própria sorte e sem nenhuma medida de prevenção”, desabafa no texto da petição.

O apelo foi ouvido por 125 mil pessoas até agora, que demonstraram apoio à sua causa deixando uma assinatura na petição. Duas das três maiores empresas de aplicativo de delivery – Rappi e iFood – responderam ao abaixo-assinado, prometendo atenção. A mobilização em prol desses trabalhadores que não podem parar é a quinta que mais engaja os brasileiros.

 

#LuteEmCasa

Ativismo online é saída para distanciamento social
A criação de mobilizações e a reunião de apoio em torno delas são formas que milhões estão adotando para “lutar em casa” contra os impactos da pandemia. Além dessas cinco grandes mobilizações, um “movimento de enfrentamento ao coronavírus”, criado pela plataforma Change.org, apresenta outras causas sobre o tema: https://coronavirus.changebrasil.org/.

Ainda entre as maiores, estão campanhas pelo direito a quarentena remunerada a empregadas domésticas e diaristas, pela destinação do dinheiro dos cartões corporativos dos três poderes a ações de combate ao vírus, a taxação de grandes fortunas, e mais.

 

Fonte: Catraca Livre.


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