Um projeto de pesquisa envolvendo astrônomos de vários cantos do mundo revelou imagens nunca antes vistas de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Os registros (e os achados que eles proporcionaram) foram compartilhados na edição de abril do The Astrophysical Journal Supplement Series.

 

O estudo foi o resultado de três anos de observações realizadas pelo Telescópio Espacial Hubble e pelo Observatório Gemini, no Havaí, em conjunto com os dados coletados pela sonda Juno, da Nasa. Segundo os especialistas, essa combinação os proporcionou visualizar a atmosfera do planeta como um sistema de ventos, gases, calor e fenômenos climáticos, como a rede de satélites que os meteorologistas usam para observar a Terra.

 

“Como agora temos essas visualizações de alta resolução rotineiramente de dois observatórios e comprimentos de onda diferentes, estamos aprendendo muito mais sobre o clima de Júpiter”, explicou Amy Simon, que participou da pesquisa, em comunicado. “Este é o nosso equivalente a um satélite climático. Podemos finalmente começar a analisar os ciclos climáticos [do planeta].”

 

Tempestade de raios

 

Em Júpiter, as tempestades constantes resultam em raios até três vezes mais energéticos e cinco vezes maiores (com cerca de 65 quilômetros) que os da Terra. Com as informações da Juno, os especialistas já podiam determinar a latitude e a longitude desses fenômenos.

 

Agora, combinando esses dados com as imagens obtidas pelo Gemini e pelo Hubble, os astrônomos puderam determinar a estrutura das nuvens nessas regiões. “Os cientistas rastreiam os raios porque eles são marcadores de convecção, o turbulento processo de mistura que transporta o calor interno de Júpiter até os topos das nuvens visíveis”, afirmou Michael Wong, líder do estudo, em declaração à imprensa.

 

A equipe descobriu que os raios em Júpiter estão associados a três estruturas de nuvens: as densas (“carregadas”), as grandes e altas que são causadas pela ressurgência de ar úmido, e as que estão em regiões “abertas”, presumivelmente resultantes do movimento de ar seco.

 

Para os pesquisadores, correlacionar a existência de raios com os tipos de fenômenos climáticos é essencial se quisermos compreender melhor o gigante gasoso do Sistema Solar. Segundo eles, as nuvens “carregadas” são uma ferramenta para estimar a quantidade de água em Júpiter, por exemplo.

 

A Grande Mancha Vermelha

 

Outro aspecto explorado pela equipe foi a Grande Mancha Vermelha de Júpiter, que é formada por uma tempestade. Nos últimos anos, os astrônomos notaram a presença de “pontinhos” escuros que aparecem, desaparecem e mudam de forma naquela região do planeta, mas não sabiam o que esses fenômenos misteriosos eram — até agora.

 

De acordo com os cientistas, embora os “pontinhos” sejam escuros para nós, eles são extremamente brilhantes no espectro de luz infravermelha. Esse fato sugere que essas regiões sejam buracos na camada de nuvens da tempestade.

 

Como explicam os estudiosos, o calor no interior de Júpiter é emitido na forma de luz infravermelha — e geralmente é bloqueado pelas nuvens. Entretanto, quando há um “furo” em alguma nuvem do gigante gasoso, essa luz pode ser observada pelos nossos equipamentos — e se apresenta na forma de “pontinhos” escuros.

 

“Essas observações coordenadas provam mais uma vez que uma astronomia inovadora é possível através da combinação das capacidades dos telescópios Gemini com instalações complementares terrestres e espaciais”, disse Martin Still, que fez parte do projeto.

 

Fonte: Revista Galileu.


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