Quando o assunto é gestão de recursos hídricos, o Brasil ainda resiste em seguir o curso natural, a infraestrutura verde. Isso significa que, diante da escassez de água, as medidas tomadas priorizam obras de transposições, reversões ao invés de intervenções de recuperação ambiental. “Todo recurso natural é finito, mesmo que disponível em abundância e não respeitar a lógica da natureza é como usar o cheque especial para pagar as contas básicas”, alerta o consultor de Gestão para a Sustentabilidade da Fundação Espaço ECO®, Tiago Egydio. E o pior, quem paga essa conta é justamente o usuário doméstico.

 

Nesta semana, acontece em Brasília o 8º Fórum Mundial da Água, onde soluções para a distribuição do recurso serão debatidas, visando chamar atenção dos políticos para uma gestão mais funcional. A restauração das florestas nas margens dos rios e nascentes, conservação das florestas já existentes e incentivo às práticas agrícolas sustentáveis para conservação de água e solo são o que os ambientalistas chamam de infraestrutura verde e garantem que a própria natureza produza água.

 

“A floresta, com seus serviços ecossistêmicos associados, que interagem de diversas formas na interação água e solo e evapotranspiração, ajuda a garantir a infiltração e a permanência da água por um período de tempo mais prolongado no solo, contribuindo para manutenção da vazão dos corpos d’água ao longo das estações do ano, equilibrando assim o ciclo hidrológico. a infraestrutura verde funciona basicamente como um filtro e como uma caixa d’água na bacia hidrográfica”, explica o consultor, que é pesquisador de Biologia Vegetal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

 

Em contraponto, a cidade de São Paulo, que recentemente enfrentou racionamento de água, e o que se vêr é uma série de investimentos no cinza, não no verde. Como por exemplo, a transposição do Rio Paraíba do Sul (interligação dos Rios Jaguari-Atibainha), obras de reversão das águas do Rio Itapanhaú, em Bertioga, para o Sistema Produtor Alto Tietê. Além de implantar capacidade de operação para o uso da água do dito volume morto das represas e de tecnologias para maior eficiência em limpeza da água (membranas ultrafiltrantes).

 

“Estas obras são necessárias, porém elas representam a priorização do cimento em detrimento à natureza. Não é essa a lógica a ser seguida. O modelo atual de gestão que se vê é que o volume produzido de água é gasto e não há uma fonte reserva para suprir nossas necessidades. As intervenções até surtiram efeito, mas não acredito ser esse o caminho para sair da crise hídrica que passamos a enfrentar”, pondera o especialista.

 

Apesar da abundância aparente – cerca de 70% da Terra é composta de água–, apenas 1,2% da água existente no planeta está disponível para consumo humano. Além disso, segundo a ONU, estima-se que ocorrerá uma redução de 40% da oferta deste recurso natural até 2030. Quando o assunto são recursos naturais, os impactos são também econômicos, quando a sustentabilidade não é visada. Segundo o Banco Mundial, há a previsão de diminuição de 6% nas taxas de crescimento do PIB global até 2050 em função da escassez hídrica. Outro dado importante é que, segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), 45% do esgoto doméstico não recebe nenhum tratamento e é devolvido aos rios em forma de efluentes e poluição.

 

 

Fonte: Assessoria de Imprensa Lead Comunicação.


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