A cárie está longe de ser um problema que atinge apenas os seres humanos viciados em guloseimas açucaradas. Recentemente, pesquisadores da Universidade de Toronto Scarborough, no Canadá, identificaram o exemplar mais antigo de cárie no mundo em um fóssil de um mamífero que viveu há aproximadamente 54 milhões de anos.

 

De acordo com os pesquisadores, é possível que o problema dentário seja um indicativo de que aquele espécime costumava incluir frutas em sua dieta. As cavidades foram encontradas no fóssil de Microsyops latidens, uma criatura de focinho pontudo do tamanho de um guaxinim.

 

Desenterrando a cárie

 

Para chegar ao resultado do estudo, os cientistas avaliaram uma amostra que havia sido desenterrada em 1970 na Bacia de Bighorn do Sul, que fica no estado do Wyoming, nos Estados Unidos. Embora esse fóssil tenha sido estudado extensivamente ao longo de 4 décadas, a descoberta recente mostra quem nem tudo havia sido revelado.

 

A pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, é a primeira a conseguir identificar os pequenos orifícios nos dentes da criatura como sendo de fato cáries. Ao todo, foram cerca de mil indivíduos fossilizados da espécie e analisados sob a lente de um microscópio, sendo possível encontrar cáries em 77 deles.

 

Para comprovar o resultado, os cientistas também realizaram microtomografias computadorizadas em alguns dos fósseis. Os pesquisadores atribuíram à dieta desses animais ricas em frutas, cheias de açúcar e com alto valor energético, o principal motivo para o surgimento do problema ortodôntico.

 

Origem da espécie

 

O Microsyops faz parte de um grupo de primatas da ordem dos Plesiadapiformes, que já foi completamente extinto. Eram comumente encontrados durante o período Eoceno na América do Norte. Estudos indicam que foram uma das primeiras espécies de primatas com senso olfativo mais apurado.

 

Por viverem em árvores e consumirem muitas frutas, ficaram conhecidos por terem os exemplares mais antigos de cárie no mundo. “Se você é um pequeno primata correndo entre as árvores, provavelmente gostaria de comer alimentos com alto valor energético”, comentou o coautor do artigo Keegan Selig.

 

De acordo com o estudioso, a identificação de cáries em fósseis é uma maneira eficiente da Ciência aprender mais a biologia dessas espécies e de como evoluíram ao longo do tempo, uma vez que trazem mais informações sobre os seus hábitos de vida e suas dietas.

 

Fonte: Mega Curioso.


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