Para alguns pacientes com Covid-19, a resposta imune do corpo pode ser tão destrutiva quanto o coronavírus que causa a doença. Uma equipe da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, está focada em estudar esse fenômeno, que é caracterizado por uma “tempestade de citocinas.”

 

Quando os macrófagos (e alguns outros tipos de células imunológicas) detectam partículas virais, eles enviam um “alerta” ao resto do corpo por meio de uma proteína conhecida como citocina. Ela, por sua vez, é resposável por trazer outras células imunológicas para a região afetada, permitindo que o corpo lute contra o patógeno.

 

Quando essa resposta do nosso sistema imunológico ocorre com moderação ela ajuda nosso corpo a combater doenças como infecções virais, por exemplo. Entretanto, os macrófagos também podem enviar sinais através de outras moléculas, as chamadas catecolaminas, e isso leva à liberação de mais citocinas — o que nem sempre é bom.

 

De acordo com os cientistas, um excesso de citocinas resulta na presença de mais células do que o necessário para combater a infecção. Então, parte delas acaba atacando o corpo do próprio paciente ao invés dos patógenos. Maximilian Konig, reumatologista da Johns Hopkins, explicou em comunicado que esse processo leva a um “ciclo vicioso” que faz a quantidade de citocinas em determinada região aumentar cada vez mais. “Parece que, uma vez iniciado esse fenômeno, há uma incapacidade de desativá-lo adequadamente”, disse o especialista.

 

Testes clínicos

 

Em dois artigos publicados nesta semana no Journal of Clinical Investigation e no arXiv, a equipe da Johns Hopkins relatou os danos causados pela “tempestade de citocinas” em pacientes com Covid-19 e divulgou resultados de pesquisas que têm sido realizadas sobre o assunto.

 

Os pesquisadores querem realizar testes clínicos com medicamentos classificados como alfa-bloqueadores. Segundo a equipe, estudos em roedores mostraram que as drogas podem diminuir o ciclo de hiper-inflamação antes que ele acelere.

 

“A abordagem que defendemos envolve o tratamento de pessoas com alto risco no início da doença, quando você sabe que elas estão infectadas, mas antes que apresentem sintomas graves”, afirmou Bert Vogelstein, um dos líderes da pesquisa.

 

Em teste clínico, pacientes com Covid-19 tomarão doses crescentes de um alfa-bloqueador chamado prazosina por seis dias. Em seguida, a equipe avaliará se as pessoas que receberam o tratamento tiveram taxas de admissão em unidades de tratamento intensivo (UTIs) e de uso de ventiladores mais baixas do que a de pacientes que receberam o tratamento padrão.

 

Os cientistas esperam que, se funcionar, o novo tratamento seja uma forma secundária de prevenção de casos graves, pois a ideia é utilizá-lo para atenuar os sintomas causados pelo novo coronavírus antes que piorem. “Eventualmente, espero, será produzida uma vacina, e essa será a essência da prevenção”, ressaltou Vogelstein. “Mas até que as vacinas estejam disponíveis, a prevenção secundária faz muito sentido.”

 

Fonte: Revista Galileu.


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