Em uma reunião em 1904, a Sociedade de Antiquários de Londres se deparou com um item considerado fúnebre demais para ser utilizado no cotidiano: uma rara colher de prata do século XVII com um crânio na ponta e os dizeres “viva para morrer” e “morra para viver” gravados no cabo.

 

J.T. Micklethwaite, um colecionador e o responsável por apresentar o artigo, acreditava que se tratava de um presente funerário, como os costumeiros anéis e biscoitos oferecidos após a morte de alguém naquela época. Mas na verdade, a estranha peça de prata provavelmente era um presente para um recém-nascido.

 

Uma moda lançada pelos ricos Stricklands

 

Poucos desses objetos perduraram até a atualidade, estando presentes principalmente em museus e coleções particulares. Eles foram confeccionados entre 1660 a 1670, apresentando o crânio, as frases mórbidas e o brasão dos Stricklands, uma antiga família influente de Yorkshire, na Inglaterra.

 

David Constable investigou a origem destas colheres para seu livro Colheres de Prata da Grã-Bretanha 1200–1710, e explicou que uma forma de refutar a teoria funerária foi comparar o ano de criação de cada colher com os registros de nascimento dos filhos do patriarca da família daquela época.

 

O resultado foi uma combinação perfeita, o que levou Constable a acreditar que os artefatos foram encomendados como presentes de batismo por Lady Frances Strickland, a avó das crianças.

 

Aparentemente, a moda acabou pegando e outras famílias decidiram que era uma boa forma de homenagear seus infantes, com o museu The Merchant Adventurers’ Hall, em York, contando com colheres dos Stricklands e de outras famílias importantes como os Cromptons.

 

“Acho que o que aconteceu é que as pessoas viram as colheres da família Strickland e pensaram: ‘Parece uma boa ideia. Vamos dar como presente de batizado para nossa filha ou filho'”, explicou David.

 

Memento mori: lembre-se da morte

 

Presentear um recém-nascido com um item que diz “nascer para morrer” pode parecer muito estranho atualmente, mas não era incomum no século XVII que momentos importantes como batizados ou casamentos, tivessem artes focadas na mortalidade.

 

Isso porque se baseavam na expressão latina memento mori, que significa literalmente “lembre-se da morte”, e lembrava seus espectadores que todos um dia iriam contemplar seu fim inevitável e julgados no pós-vida por suas ações.

 

“Naquela época, a mortalidade era uma coisa sempre presente porque não se vivia tanto., E então você tinha uma sociedade temente a Deus, onde todos iam à igreja e havia essa ideia de viver uma vida boa e piedosa porque quando morresse, seria julgado. O crânio sempre presente mostrava que a morte podia estar virando a esquina, por isso era melhor enquanto era possível”, disse Lauren Marshall, a diretora do Merchant Adventurers’ Hall.

 

Fonte: Mega Curioso


Obs: As informações acima são de total responsabilidade da Fonte declarada. Não foram produzidas pelo Instituto Pinheiro, e estão publicadas apenas para o conhecimento do público. Não nos responsabilizamos pelo mau uso das informações aqui contidas.