O rastreamento de contatos foi notavelmente bem-sucedido em ajudar a conter a pandemia de Covid-19 na Coreia do Sul, Austrália e Alemanha, além de alguns países menores. Usando os sistemas de telecomunicação e vigilância do século 21, os profissionais de saúde nesses locais abriram caminho para identificar aqueles que estiveram em contato com os infectados e, em seguida, testá-los e isolá-los.

Sem a tecnologia moderna, o rastreamento de contatos remonta a um longo caminho. O maravilhoso livro de 1987 do historiador americano William Coleman, Febre Amarela no Norte, associa o “rastreamento de casos” às origens da epidemiologia em meados do século 19. A doença é transmitida por mosquitos e não de pessoa para pessoa, mas isso só seria descoberto meio século depois.

Os médicos franceses que combatiam a febre amarela na década de 1840 concentraram-se em encontrar o primeiro caso — o que chamaríamos agora de “paciente zero”. Mais tarde no século 19, eles começaram a prestar mais atenção às conexões entre famílias e pessoas dentro e fora delas.

A busca pela sífilis

As ideias por trás do rastreamento de contatos são muito mais antigas, no entanto. Sua origem remonta ao início do século 16 por conta da “grande varíola”, que viria a ser conhecida como sífilis graças a um poema do médico Girolamo Fracastoro de 1530. Médicos como o célebre anatomista Gabriele Falloppio, diretor de medicina da Universidade de Pádua, a cidadela da aprendizagem médica do século 16, procurou entender as origens da doença usando uma abordagem diferente da normal.

Em vez de confiar apenas no que as autoridades médicas árabes da antiguidade e do início da Idade Média tinham a dizer sobre doenças, Falloppio e outros médicos procuraram rastrear a propagação da doença venérea, recorrendo às histórias contemporâneas, com destaque para os diários de Cristóvão Colombo.

Através destas anotações, eles puderam acompanhar a progressão da doença das Américas para os hospitais de Barcelona. Depois, como a infecção se espalhou por soldados recrutados pelo rei Fernando II de Aragão, e mais significativamente com a invasão da Itália e o cerco de Nápoles, durante o inverno de 1495, comandado pelo rei Carlos VIII da França.

 

Fonte: Revista Galileu


Obs: As informações acima são de total responsabilidade da Fonte declarada. Não foram produzidas pelo Instituto Pinheiro, e estão publicadas apenas para o conhecimento do público. Não nos responsabilizamos pelo mau uso das informações aqui contidas.