Vivo em Portugal há mais de um ano e, nesse período, observo um país que busca caminhos para equilibrar direitos individuais, como o acesso à saúde, e crescimento econômico.

 

Satisfazer interesses diversos e o bem-estar da população não é fácil, mas entendo que Portugal vem conquistando boas vitórias desde a gestão da crise global de 2008 até a sua recuperação a partir de 2016, depois da implementação de um plano econômico amargo.

 

Este ano, na reta final da aprovação do orçamento de 2020, o país se choca com mais uma crise: a expansão da Covid-19 e a eminente estagnação ou declínio das economias em todo o mundo.

 

A primeira preocupação que notei foi em relação ao sistema de saúde — púbico e privado — no enfrentamento à pandemia. A conclusão foi a mesma que a de outros países: não há estrutura para atender a uma demanda repentina por leitos de UTI. Entretanto, o cooperativismo entre os setores público e privado está presente aqui.

 

Soma-se a esse cenário a pirâmide etária de Portugal, que revela um envelhecimento importante de sua população: 30% da população portuguesa já tem mais de 60 anos, sendo que no Brasil essa fração não chega a 15%. Portanto, temos um fator que poderá amplificar uma eminente crise no sistema de saúde que, diga-se de passagem, funciona bem.

 

Desde meados do Carnaval as medidas de contenção e enfrentamento vêm sendo ampliadas, culminando com a decretação do estado de emergência no dia 18 de março. Na prática, há uma série de restrições à circulação e a potenciais aglomerações. A prioridade é dada a profissionais de saúde e a funcionários de serviços essenciais, incluindo aí supermercados e farmácias. O decreto também traz algumas flexibilizações, como permissão para curtos passeios com cães e realização de exercícios físicos ao ar livre para até duas pessoas.

 

Quem fiscaliza? A polícia. Neste curto período foram detidas sete pessoas que se recusaram a acatar as normas. Afinal, a população deve fazer a sua parte, inclusive alertando informalmente seus parentes, amigos e vizinhos.

 

Os veículos de comunicação também vêm contribuindo na contenção — informando, esclarecendo e sobretudo ajudando na conscientização da importância das medidas. A Diretoria Geral de Saúde, que concentra informações oficiais e compiladas de todo o país, é uma fonte que permite melhor alinhamento nos dados fornecidos a toda a imprensa.

 

Os partidos de oposição vêm colaborando com o governo em suas medidas. Essa postura faz a sociedade portuguesa perceber que há quase uma unidade no parlamento para o enfrentamento da Covid-19. Tal alinhamento facilita a aceitação das medidas pela população e ainda fortalece a democracia.

 

Nas palavras do primeiro-ministro Antônio Costa, do Partido Socialista, “primeiro temos que proteger as pessoas”. Quem lidera a empreitada e vem fazendo excelente trabalho junto aos órgãos e profissionais de saúde é a ministra Marta Temido. O primeiro-ministro ainda declarou que o governo trabalha para preservar os empregos e, para tanto, anunciou um plano emergencial de três meses a ser reavaliado continuamente.

 

Como e quando sairemos desta crise é uma incógnita, mas o povo português, apesar das 43 mortes e quase 3 mil casos confirmados até o dia 25 de março, vem mostrando sua força e empenho, marcadamente pelos bravos e competentes profissionais de saúde.

 

Mesmo sendo um estrangeiro que está vivendo por aqui, posso dizer que me sinto seguro e assistido, fazendo a minha parte nesta guerra, que é ficar em casa. Ora, pois!

 

Fonte: Saúde Abril.


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